Um novo caso de feminicídio, o segundo em apenas um mês, está sendo investigado pela Polícia Civil de Xanxerê. O corpo de uma mulher, identificada como Simone da Rocha Silveira, 29 anos, foi encontrado no rio Irani, na quarta-feira, pelo Corpo de Bombeiros.

Continua depois da publicidade

De acordo como o delegado da Polícia Civil de Xanxerê, Albino de Araújo, a hipótese mais provável que está sendo trabalhada é de um feminicídio seguido de suicídio. A vítima estava desaparecida desde a terça-feira passada, dia 3 de março, quando recebeu uma ligação e sai de casa. Na quarta-feira, houve um suicídio de um homem de cerca de 40 anos, em Xanxerê.

– A família da jovem desaparecida veio nos procurar pois o homem que havia cometido o suicídio teve um relacionamento conturbado com a mulher que estava desaparecida. Segundo os familiares ele tinha ciúmes dela, e nutria um sentimento forte que não era correspondido. A partir disso começamos as buscas com o apoio dos bombeiros até encontrar o corpo – disse o delegado.

A vítima estava com uma corrente amarrada no pescoço e numa peça de automóvel, para que afundasse. O delegado afirmou que ainda não sabe se a vítima foi morta antes, o que indicaria também ocultação de cadáver, ou se a vítima morreu por afogamento. O delegado aguarda o laudo cadavérico.

Continua depois da publicidade

O delegado reconheceu que a região tem um alto índice de crime de violência doméstica e disse que o feminicídio é um crime difícil de combater.

O outro suposto caso de feminicídio ocorreu no dia 13 de fevereiro, no interior do município de Xanxerê. O marido confessou ter matado a mulher durante uma briga e escondido o corpo num matagal. O corpo foi encontrado na semana passada.

O “Coletivo Janete Cassol”, grupo de mulheres formado para defender políticas públicas de valorização da mulher, publicou um desabafo em redes sociais sobre os dois feminicídios.

Veja a nota:

“NÃO. Não vai ter foto de mulheres assassinadas, nem notas de pesar. Em um mês que recebemos tantas mensagens bonitas, DUAS mulheres assassinadas. Em um mês que ouvimos em uma rádio de Xanxerê que já podemos praticamente superar as desigualdades, DUAS mulheres assassinadas.

Continua depois da publicidade

NÃO TEMOS NADA PARA COMEMORAR, NADA…

A dor que sentimos hoje, é de mais uma vez sermos parte de estatistificas, com discursos e flores no 8M, para comprovar que incorporaram um dia que foi criado para RECONHECER a luta que muitas travaram, dia de lembrar das mulheres que perderam suas vidas, a um dia para fortalecer o comércio. Deve ser para parabenizar por estarmos VIVAS né? Essa invisibilidade nos MATA todos os dias.

O oeste possui um cenário grave. Convivemos com violências cotidianas contra as mulheres, o que resulta em um destaque perverso: A região mais violenta para se viver no estado. O 5º país com maior taxa de assassinatos femininos no mundo. É urgente questionar a permanência de mortes evitáveis.

ESSES DISCURSOS DE 8 DE MARÇO TAMBÉM NOS MATAM. ESSES DISCURSOS POSITIVOS DE QUE SUPERAMOS A DESIGUALDADE É UMA GRANDE FALÁCIA..

Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. Sob diversas formas e intensidades, a violência de gênero é recorrente e se perpetua nos espaços públicos e privados, encontrando nos assassinatos a sua expressão mais grave.

Continua depois da publicidade

PEDIMOS DESCULPAS AS DUAS MULHERES. NAO VAMOS POSTAR SUAS FOTOS, NÃO AGORA. AGORA AS PESSOAS ESTÃO COMOVIDAS, E A COMOÇÃO CAUSA INDIGNAÇÃO. EM UM MOMENTO QUE A SOCIEDADE ESQUECER DISSO, ESTAREMOS AQUI PARA LEMBRAR.

NOSSO ABRAÇO AS FAMÍLIAS”