Aconteceu em Nova York, no ano de 2007. Um grupo de produtores novatos na Broadway decidiu se aventurar na adaptação do filme Xanadu (1980), com Olivia Newton-John e Gene Kelly, sobre uma semideusa que se mistura entre os mortais para ajudar na criação de uma discoteca em que as pessoas dançam sobre patins.

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Pois o musical que recebeu o mesmo nome do filme foi mais bem-sucedido do que a arriscada ideia poderia sugerir, obtendo quatro indicações ao prêmio Tony, uma espécie de Oscar da Broadway. A modesta montagem americana inspirou, em 2011, uma versão brasileira com ares de superprodução, com direção de Miguel Falabella e versão de Artur Xexéo (a quem coube a tarefa de adaptar o libreto de Douglas Carter e as canções de Jeff Lyne e John Farrar). É este o espetáculo que estará a partir de quinta-feira no Teatro do Sesi, na Capital, até domingo (confira detalhes sobre ingressos na Agenda).

O elenco da temporada no Rio sofreu modificações para as apresentações em Porto Alegre. Danielle Winits, no papel principal, divide a cena com Falabella, que substitui Sidney Magal. Já Danilo Timm entra no lugar de Thiago Fragoso, que sofreu uma queda de uma altura de quase cinco metros, no final de janeiro, em uma cena em que ele e Danielle simulavam um voo, suspensos por cabos, sobre a plateia. O ator precisou ser submetido a uma cirurgia de reconstrução dos arcos costais. A cena foi retirada do espetáculo, que reestreou com grande sucesso em fevereiro. Danielle, no entanto, não deixou de voar: em um trecho, ela monta um cavalo cênico suspenso no ar.

Na adaptação, o Xanadu brasileiro ganhou pinceladas de teatro besteirol, gênero de comédia escrachada popularizado no Rio, na década de 1980, e que teve entre seus representantes Mauro Rasi, Guilherme Karan e o próprio Falabella. A produção traçou o paralelo a partir do deboche já presente na versão americana, com seus figurinos extravagantes que remetiam ao colorido inconsequente dos anos 1980. No musical, que mistura sem pudor referências como Grécia Antiga e patins, Danielle Winits interpreta a semideusa Clio, que chega à Praça Paris, no Rio, acreditando estar na Paris francesa do século 19. Ela assume a identidade de Kira para inspirar o pintor frustrado Sonny Malone (Danilo Timm) a criar um empreendimento ousado _ a tal danceteria de patinação. Na empreitada, ele conta com a ajuda de Danny McGuire (Falabella).

A breguice dos anos 1980 faz parte da graça de Xanadu. O som da época está na direção musical de Carlos Bauzys, e a ambientação marca presença na cenografia de Nello Marrese, baseada na arte dos grafiteiros de Los Angeles.

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Sim, a era das polainas está, temporariamente, de volta.

O kitsch que virou cult, por Roger Lerina

Na esteira do sucesso de Grease _ Nos Tempos da Brilhantina (1978), outro filme musical que acabou virando um espetáculo na Broadway, os produtores de Xanadu (1980) resolveram apostar na cantora e atriz Olivia Newton-John como estrela capaz de atrair público sem dividir o brilho com um galã como John Travolta. Em vez de investir no protagonista encarnado pelo insosso e canastrão Michael Beck _ nem vale relembrar esse ator, ok? _, o longa dirigido por Robert Greenwald apostou na beleza e na voz da inglesa radicada na Austrália, aliada a uma febre da virada dos 1970 para os 1980: os patins. Concebido para ser uma produção de baixo orçamento, Xanadu saiu caro _ cerca de US$ 20 milhões _ e tropeçou feio: o filme foi um fracasso de bilheteria e de crítica.

Com o tempo, porém, a cafonice da concepção visual do musical passou a ser visto com olhos menos austeros e o kitsch virou cult. O maior acerto é a presença de Gene Kelly (1912 _ 1996) no elenco: foi a última vez que o ator, coreógrafo e dançarino, então com 68 anos, atuou no cinema, encarnando com charme um veterano clarinetista de jazz inspirado em band leaders do swing da década de 1940 como Benny Goodman e Artie Shaw.

Outro destaque é a trilha sonora: ao contrário do longa, o LP foi um êxito mundial, trazendo no lado A canções interpretadas por Olivia e, no outro, músicas da ELO, banda liderada pelo cantor e multi-instrumentista Jeff Lynne. Na afinada voz de Olivia, a balada Magic e a dançante Xanadu foram hits nas pistas e nas paradas internacionais na época.

Ingressos

para as apresentações, de quinta e 1º de junho, às 21h, no dia 2 de junho, às 18h e às 21h, e no dia 3 de junho, às 18h, no Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787), custam R$ 90 (mezanino), R$ 130 (plateia alta), R$ 150 (plateia baixa) e R$ 180 (plateia gold) na noite de estreia.

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Para as demais apresentações, os ingressos ficam a R$ 110 (mezanino), R$ 150 (plateia alta), R$ 170 (plateia baixa) e R$ 190 (plateia gold). Desconto de 50% nos primeiros 200 ingressos para titular do Clube do Assinante e acompanhante (somente pela telentrega) e de 10% nos demais.

Pontos de venda

Bilheteria do Teatro do Bourbon Country (de segunda a sábado, das 14h às 22h, e domingo e feriado, das 14h às 20h)

Telentrega Ingresso Show (51) 8401-0555 (de segunda a sexta, das 9h às 19h), pelo call center 4003-1212 (de segunda a sábado, das 9h às 22h, e domingo, das 11h às 19h)

Site www.ingressorapido.com.br, há cobrança de taxas