A decisão dos jogadores do Figueirense de não entrar em campo contra o Cuiabá, na terça-feira (20), pela 17ª rodada da Série B do Brasileiro, em greve por atraso de salários, escancarou a crise que há meses abala o clube catarinense. Elevada ao máximo com o WO, a tensão no Orlando Scarpelli não diminuiu com os desdobramentos que se seguiram: treinos cancelados, ameaça de novo WO, críticas à diretoria e bloqueio de bens pela Justiça. Abaixo, um resumo dos fatos da semana.

Continua depois da publicidade

Segunda-feira (19/08)

Sem treinar há três dias, a delegação viajou a Cuiabá, no Mato Grosso, com a ameaça de não entrar em campo caso a diretoria não quitasse os salários e outras pendências, de atletas e outros funcionários. Apesar do clima de incerteza, os conselheiros do clube acreditavam que a promessa não seria cumprida.

Terça-feira (20/08)

Em Cuiabá, os jogadores entraram no quarto dia seguido sem treinar. A incerteza sobre a presença da equipe em campo contra o Cuiabá aumentou ao longo do dia e se confirmou na Arena Pantanal: os atletas não pisaram no gramado em protesto pelo falta de pagamentos, e a noite de terça-feira virou mancha na história do clube.

Em nota, a empresa gestora do Figueirense informou que a decisão foi estritamente dos jogadores, e que comissão técnica e demais funcionários envolvidos com a partida em Cuiabá cumpriram com que era necessário para que a equipe entrasse em campo. Também prometeu quitar as pendências salariais até o dia 28.

trio de arbitragem
Trio de arbitragem e Cuiabá entrou em campo e esperou até a confirmação do WO (Foto: Rogerio Moroti/Ascom Dourado)

Quarta-feira (21/08)

O dia começou com expectativa pelo retorno da delegação a Florianópolis. No saguão do Aeroporto Hercílio Luz, um grupo de torcedores demonstrou apoio aos jogadores alvinegros. Depois da recepção, o capitão do time, Zé Antônio, falou com a imprensa:

Continua depois da publicidade

— Não foi fácil tomar a decisão que a gente tomou.

Em meio à crise, o clube encaminhou a contratação de pelo menos oito jogadores para a sequência da Série B, quatro deles por empréstimo do Athletico-PR.

À tarde, em reunião com o departamento jurídico do clube, os jogadores fizeram uma proposta para encerrar a greve: que o clube pagasse os salários dos funcionários e dos atletas da base. Sem respostas da diretoria, o dia terminou com impasse e a ameaça de que a equipe não entrasse em campo de novo neste sábado (24), contra o CRB, no Orlando Scarpelli.

figueira no aeroporto
O capitão Zé Antônio na recepção no saguão do Aeroporto Hercílio Luz (Foto: Gabriel Lain/Diário Catarinense)

Quinta-feira (22/08)

Em nota, o Figueirense comunicou que se comprometia a quitar débitos deste ano até 28 de agosto, e informou também que os salários de funcionários haviam sido colocados em dia, e que os jogadores e profissionais de comissões técnicas das categorias sub-15 e sub-17 receberiam duas ajudas ainda na quinta. Os atletas responderam em pronunciamento: declararam que a informação era mentirosa e decidiram manter a greve de treinamentos.

Mas, em comunicado no fim da noite, o advogado Filipe Rino, representante jurídico do movimento dos atletas, informou que o time voltaria aos trabalhos e que entraria em campo no sábado para enfrentar o CRB, mesmo sem o cumprimento das exigências, "em respeito à instituição e à torcida".

Continua depois da publicidade

Também na quinta, o Figueirense sofreu novo WO. Desta vez, pelo Campeonato Brasileiro de Aspirantes. O grupo alvinegro viajou para a partida contra o Santos no Estádio Ulrico Mursa, em Santos. Mas, a exemplo do grupo principal, condicionava a entrada em campo ao pagamento de salários atrasados.

Sexta-feira (23/08)

Após uma semana de paralisação, a volta aos treinos do Figueirense foi marcada por protesto da torcida, que estendeu faixas nas arquibancadas do Estádio Orlando Scarpelli para pedir a saída de Cláudio Honigman, presidente da empresa Elephant, que gere o Alvinegro.

No fim da tarde, a Justiça do Trabalho bloqueou bens de réus ligados à administração do Figueirense Futebol Clube. O bloqueio ocorre até o limite de R$ 9,6 milhões, valor apontado pelo clube como projeção de déficit trabalhista para o ano de 2019.

treino protesto
Torcida do Figueirense protesta no Orlando Scarpelli e pede saída de Cláudio Honigman e da empresa Elephant (Foto: Kadu Reis/CBN Diário)

Continua depois da publicidade