Parceria com universidades, investimento alto em inovação, independentemente do cenário econômico, e estrutura permanente para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias são os pontos em comum entre pelo menos duas das grandes indústrias de Joinville protagonistas das listas das mais inovadoras do Brasil. Pelo menos esta é a fórmula que tem dado certo na Whirlpool Latin America e na Ciser Parafusos e Porcas, empresas que, apesar de atuarem em ramos diferentes, compartilham a busca por estar à frente nas áreas de produtos e processos.
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Confira a página especial do projeto Joinville que Queremos
A Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, está entre as dez empresas mais inovadoras de 2015, segundo a pesquisa Best Innovator, realizada em 15 países. A conquista é o resultado de um esforço antigo da empresa para investir em laboratórios. São 23 espaços físicos dedicados à pesquisa espalhados pelas unidades da empresa no Brasil. Só Joinville sedia quatro destes centros de tecnologia, focados em refrigeração, condicionamento de ar, água, cocção e eletrônica. A empresa investe de 3% a 4% do faturamento para manter esta estrutura.
– Somente em 2015, lançamos 200 produtos no mercado, e cerca de 23% da receita, neste mesmo ano, vieram destes produtos inovadores – calcula Guilherme Marco de Lima, diretor de comunicação e relações institucionais da Whirlpool.
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Ele cita como exemplos dos bons resultados trazidos com o investimento em novos desenvolvimentos a cervejeira da Consul, lançada antes da Copa do Mundo; a máquina de lavar louça de fácil instalação que economiza até seis mais vezes do que a lavagem manual; e o refrigerador que permite que as prateleiras possam ser ajustadas conforme a necessidade do consumidor. A B.Blend, primeira máquina de bebidas em cápsulas all-in-one, também é fruto destes investimentos pesados. O produto tem como diferencial permitir a produção de mais de 25 sabores de bebidas quentes, geladas, com ou sem gás, além de purificar água.
– A iniciativa foi tão promissora que, em 2015, Whirlpool e Ambev anunciaram uma joint venture e a criação da empresa B.Blend Máquinas e Bebidas S.A – lembra Lima.
Em termos de processos, a Whirlpool também se mostra à frente. A unidade joinvilense da fábrica aderiu aos robôs colaborativos, considerados um dos caminhos para o que se entende como o futuro da indústria. Atualmente, os robôs são empregados na inspeção de qualidade das cervejeiras da marca Consul e ficam responsáveis por conferir toda a interface do produto, verificando se a iluminação e a ventilação estão dentro do padrão.
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As grandes ideias, no entanto, não saem só da cabeça da equipe de profissionais da Whirlpool. Parte significativas das mudanças na fábrica também surge das dez parcerias que a empresa mantém com universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento. Com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por exemplo, o compartilhamento já dura mais de 30 anos. Outra cooperação antiga é com o Inova Talentos, programa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
– Desde 2014, mais de 60 bolsistas foram inseridos pelo Inova Talentos em projetos de inovação em produto, processo e organizacional – contabiliza o diretor.
Adelton José Rossetto defende que orçamento para pesquisa em inovação é investimento, não um gasto (Foto: Maykon Lammerhirt / Agência RBS)
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Premiação para novos talentos
Na Ciser, empresa entre as 20 companhias mais inovadoras do Sul do País, de acordo com a revista Amanhã, a parceria com jovens pesquisadores é feita sem intermediários, a partir do Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica. Na quinta edição, o concurso bienal oportuniza a prática de projetos bem colocados na avaliação da comissão julgadora. Foi de um destes jovens talentos que surgiu o parafuso correia elevadora com ponta-piloto, que permite mais facilidade no manuseio da peça na hora da montagem.
A criação do prêmio foi uma das primeiras medidas adotadas pela empresa de Joinville após o estabelecimento das diretrizes de inovação feitas em parceria com o IEL, em 2009. A última edição recebeu 240 projetos, dos quais 30 foram para a etapa final. Outra mudança de incentivo à inovação foi a formação de um comitê interno dedicado ao assunto, aberto à contribuição de funcionários de qualquer setor da empresa, além da criação de um time de engenheiros que busca inovar tanto a partir das demandas internas, quanto externas.
A aposta da Ciser na área de inovação trouxe bons resultados, tanto que o investimento para o setor passou a receber de 3% a 5%, em 2009, para 15% do faturamento. De acordo com o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Ciser, Adelton José Rossetto, os resultados contribuíram para que a empresa optasse por não fazer cortes no setor mesmo em tempo de instabilidade econômica.
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– Investir em inovação é algo que só existe se houver comprometimento da alta gestão. É ela quem precisa considerar este valor um investimento e não um gasto – avalia Rossetto.
Apesar de não produzir bens de consumo, a Ciser tem conseguido criar necessidades, como é o caso do parafuso que permite monitoramento a distância para a área de embarcados. A peça, com lançamento previsto para 2017, está em desenvolvimento há quatro anos.
– Ele (parafuso) não é só um fixador, mas uma tecnologia. É assim que iremos vendê-lo – frisa o gerente.
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