A lista que reprovou 48 marcas de whey protein por suspeita de produto adulterado gerou ações na Justiça nas últimas semanas. As acusações são contra a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), responsável pelas análises dos suplementos em 2022, e envolvem falta de transparência e conflito de interesse. As informações são da Folha de S. Paulo.
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Após as análises feitas pela Abenutri, o Senacon (Secretaria de Apoio ao Consumidor), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, recomendou a suspensão da venda das marcas de nove sites do Brasil no dia 6 de dezembro. O prazo, contudo, foi estendido até janeiro de 2025. A venda em lojas físicas está mantida.
Segundo a associação, as marcas reprovadas não apresentaram a quantidade de proteína informada nos rótulos. O teste foi feito em um laboratório de Goiânia e consistiu em uma análise de “amino spiking”, quando a proteína do leite é substituída por outra mais barata ou por carboidratos. A subistituição atrapalha o consumidor de alcançar os resultados pretendidos. Os lotes dos produtos analisados, segundo a associação, foram comprados diretamente na loja das fabricantes, de forma aleatória.
Whey protein adulterado: os perigos de consumir suplemento com suspeita de falsificação
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Conflito na Justiça
Alegando falta de transparência na metodologia, a Supley, dona do whey Max Titanium, e a BRG Suplementos, da Integralmédica, entraram com ação na Justiça para não serem listadas no ranking da Abenutri. As empresas argumentam que não houve direito à contraprova e defendem que associação não tem autoridade para realizar os testes.
A BRG afirmou, em nota, que os testes carecem de “maior transparência, rigor e evidências científicas, visto que a forma como são realizados não é divulgada e tampouco há a possibilidade de contraprova”. “Além de ter claros conflitos de interesses relacionados ao mercado de suplementos”, informa a Integralmédica.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marcelo Bella, presidente da Abenutri e sócio da GDS, companhia do ramo de suplementos dona da marca Black Skull, concorrente direta das marcas reprovadas no ranking, defendeu a associação das acusações de um possível conflito de interesses. De acordo com ele, o trabalho na associação não é remunerado e as análises seguem apenas a padrões técnicos.
— Quando você tem que construir sua casa, você vai no engenheiro. Então, quando você tem o nível de entidade de classe, como presidente, vice-presidente, são geralmente pessoas que estão naquele setor — falou.
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As empresas testadas, de acordo com Marcello, são notificadas com 15 dias de antecedência e mais 15 para responder ao resultado. Os laudos são encaminhados a órgãos fiscalizadores, como vigilâncias sanitárias, Procons estaduais e Anvisa.
— Quem tem poder de fiscalização são eles. Nós não temos. Nós só temos poder de análise — afirmou o sócio da GDS.
Como o whey protein age no organismo
O que dizem as empresas
Grupo Supley
Um dos fabricantes citados no estudo da associação que baseou a suspensão das vendas, o Grupo Supley enviou nota à reportagem repudiando a reprovação de produtos de whey protein e afirmando que as pesquisas teriam procedência duvidosa e estariam sendo questionadas judicialmente. Confira abaixo a íntegra da nota da empresa:
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“O Grupo Supley repudia fortemente a reprovação de produtos de whey protein que teve como fonte a Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) que, mais uma vez, mente e propaga desinformação. São pesquisas com procedência duvidosa e por isso estão sendo questionadas judicialmente, havendo decisão que reconheceu as inconsistências metodológicas nos laudos e, no dia 8 condenando a Abenutri à retratação pública.
Os produtos do Grupo Supley são rotineiramente avaliados pela empresa e pela Anvisa, esta, sim, responsável por este tipo de análise e fiscalização. A Justiça também entende que os produtos do Grupo Supley estão em conformidade no que diz respeito à rotulagem, ingredientes e quantidades especificadas em seus produtos.
Mais uma vez, a Abenutri usa de falsas informações para trazer instabilidade ao mercado, desinformação e medo aos consumidores. A Associação adota uma postura controversa, com histórico de avaliações que não seguem os padrões técnico-científicos estabelecidos pela Anvisa, órgão regulador.
Para consulta: Processo Digital nº: 1001354-69.2023.8.26.0347“.
Grupo BRG
“O grupo BRG Suplementos refuta a forma errônea como foram divulgadas as informações referentes seus produtos e já está tomando as medidas cabíveis. Os testes realizados pela ABENUTRI carecem de maior transparência, rigor e evidências científicas, visto que a forma como os testes são realizados não é divulgada e tampouco há a possibilidade de contraprova. A ABENUTRI não representa os interesses do mercado de suplementos, a ANVISA ou qualquer outro órgão fiscalizador, além de ter claros conflitos de interesses relacionado ao mercado de suplementos.
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“Os produtos das marcas INTEGRALMEDICA, DARKNESS, NUTRIFY seguem um rigoroso processo de produção e controle de qualidade. A fábrica onde são produzidos é constantemente fiscalizada e possui todas as licenças sanitárias e de operação necessárias. Todos os nossos produtos são testados, e possuímos laudos que atestam a qualidade e pureza. Realizamos um acompanhamento minucioso desde o recebimento da matéria-prima até o envio dos produtos aos nossos consumidores.
Agradecemos a confiança de nossos clientes e permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos“.
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