Por uma coincidência funesta, os 27 anos sempre foram perigosos para popstars. Vide Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e Amy Winehouse, todos mortos antes de comemorar o aniversário seguinte. Até surgir Wesley Safadão. Depois do cantor cearense, ter essa idade pode também representar o momento em que um artista deixa de ser uma atração de alcance restrito à sua região de origem para estourar em todo um país. Conviva com isso.

Continua depois da publicidade

Leia entrevista com Wesley Safadão, que faz show neste domingo, no P12, em Florianópolis

Pois foi exatamente aos 27 anos, completados neste 2015, que ele entrou para o seleto grupo dos artistas nacionais que têm jatinho (pelo qual pagou US$ 850 mil), não pisam no palco por menos de algumas centenas de milhares de reais (especula-se que o cachê do moço gire em torno de meio milhão) e garantem que permanecem as mesmas pessoas do tempo em que se apresentavam em troca de um prato de comida. Profissional, ele já era. Tinha uma carreira sólida, independente e autossustentável no Nordeste, sem precisar de gravadoras nem de esquemas de divulgação. Tudo ficou muito maior com a sua contratação pela empresa administrada pelos neossertanejos milionários Jorge & Mateus. Um banho de loja e o mínimo de autenticidade para não descaracterizar o produto se encarregaram do resto.

Wesley Safadão marca dois gols e se diz 60% cantor e 40% jogador depois do Jogo dos Artistas

A ascensão de Wesley Safadão é o caso mais recente e bem-acabado do reposicionamento do forró, de ritmo popular – leia-se “para pobre” – a opção no cardápio musical de uma juventude urbana que consome tudo diluído. Sua música tem o mesmo apelo de festa & alegria do funk, do pagode, do axé. De preferência, associada a signos que revelam sua mobilidade social, como carrões, “champa” e mulheres. Mas quem se incomoda com isso é a pretensa elite intelectual e, muitas vezes, preconceituosa. Para o fã, antigo ou recém-conquistado, o que importa é que um filho de caminhoneiro chegou no topo. Vê- lo esfregar a vitória na cara dos invejosos faz um tremendo bem à autoestima coletiva, principalmente porque ele continua “gente como a gente”: tão Wesley, tão Safadão, tão brasileiro.

Continua depois da publicidade