Mais conhecida pela fabricação de motores elétricos, a Weg, de Jaraguá do Sul, entrou de vez no estratégico segmento de geração de energia a partir de fontes renováveis, como o sol, o vento e a água.

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A aposta atende à busca pela diversificação de negócios, que é a chave do sucesso da Weg, e também é vista como um filão, dada a escassez crescente de energia e a necessidade de diversificar a matriz energética.

A empresa já atua no ramo há décadas, mas foi a partir de meados de 2012 que decidiu ir mais fundo, deixando de ser fornecedora de componentes, apenas, para oferecer o projeto completo.

É o que vem acontecendo na área de geração de energia a partir do vento. A Weg tornou-se a única empresa brasileira a oferecer uma das principais soluções do parque eólico, o aerogerador (aquele que se parece com um ventilador gigante). As primeiras unidades estão sendo entregues neste ano.

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No próximo dia 31, por exemplo, 11 aerogeradores vão equipar a usina de Ibiapina, no Ceará. E, para 2015, a Weg fechou um contrato com a Alupar Investimentos para instalar 46 unidades de 2.1 MW no complexo Energia dos Ventos, em Aracati, também no Ceará.

Há projetos, ainda, com as companhias estaduais de energia elétrica do Rio Grande do Sul e do Paraná. Ao todo, a Weg tem uma carteira de R$ 530 milhões nessa área.

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– Vamos crescer devagar para não prejudicar a lucratividade da companhia. A tecnologia está bem dominada, o maior risco nesse ramo é o custo – afirma o diretor de energia eólica da Weg Energia, João Paulo Gualberto da Silva.

O custo de instalação de uma usina eólica completa requer investimentos da ordem de R$ 5 milhões por megawatt instalado, e só o aerogerador responde por mais da metade do montante.

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A estratégia

Para conseguir competir com nomes de peso como a alemã Wobben, as espanholas Gamesa e Acciona, a norte-americana GE, a argentina Impsa e a francesa Alston, todas com fábricas em solo nacional, a Weg firmou um acordo tecnológico com a companhia norte-americana Northern Power Systems, que a habilitou a fabricar aerogeradores para geração de energia a partir do vento.

O segundo passo foi desenvolver a rede de fornecedores para os produtos de geração de energia eólica que não fabrica internamente, entre eles, a torre, as pás, fundidos e rolamentos especiais. A Weg cuida de todo o projeto e produz internamente as soluções elétricas e eletrônicas.

No total, 14 empresas começaram a tuar no ramo fornecendo itens para Weg e outras 23 investiram para aumentar a capacidade ou iniciaram a produção de novos componentes.

O grupo Cassol é um exemplo. Não atuava no setor eólico e tornou-se o principal fornecedor da Weg da torre de concreto de 80 metros de altura (em média), responsável pela sustentação das pás do aerogerador.

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A Weg também investe para aumentar o conhecimento interno e tem o apoio de consultorias da Alemanha, Holanda e dos Estados Unidos, já que há poucos profissionais especializados no mercado e cursos voltados para geração de energia eólica.

A meta da Weg é deixar a dependência norte-americana e conquistar a autonomia tecnológica.

Projeto Tubarão

Um time de 15 engenheiros da Weg trabalha em tempo integral no projeto de um aerogerador com dimensões e capacidade superiores, desenvolvido em parceria com a Tractebel, a maior geradora privada de energia do País. São 3,3 MW de potência e torre com altura de 130 metros.

O projeto não é comercial. Faz parte do investimento da Tractebel em pesquisa e desenvolvimento. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determina que as geradoras gastem 0,5% do faturamento anual em P&D.

O projeto está sendo instalado em Tubarão (SC) e seria capaz de gerar 18.396 MW/h se ventasse o tempo todo. A estimativa em condições reais é de 8.278 MW/h, o suficiente para abastecer 450 casas por mês.

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Energia solar

Até final de 2015, a Weg vai fornecer quase 10% da energia utilizada na ilha de Fernando de Noronha. A empresa entregou, no final de julho deste ano, uma usina solar fotovoltaica de 450 kWp (kilowatts pico, medição feita ao meio-dia) para substituir a queima de diesel. Outra usina, de 500 kWp, será instalada até abril do ano que vem.

Energia solar é a mais recente aposta da empresa na área de energias sustentáveis. Para isso, nos últimos dois anos, criou uma estrutura de engenharia, equipe comercial e instalou um centro de pesquisa na Alemanha.

– A Alemanha é o país com maior concentração de energia instalada, 30 GWp instalado, ali reside o conhecimento nesta área – afirma o diretor superintendente da Weg Automação, Umberto Gobbato.

A Weg fabrica todos os componentes, com exceção do módulo fotovoltaico (painéis), feito de silício, alumínio e um vidro especial, que tem na China o fornecedor para 80% da demanda mundial.

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Composta por 1.644 painéis, a Usina Solar Noronha I recebeu investimentos de R$ 5 milhões. A aquisição, transporte e instalação dos módulos ficaram a cargo da Weg. A empresa será responsável por monitorar a operação por um ano.

CURIOSIDADES

Energia eólica

O Nordeste e o Sul do Brasil, do município de Laguna (SC) para baixo, apresentam as melhores condições para geração de energia eólica dentro do território nacional. Ventos muito fortes não são recomendáveis porque estressam o equipamento, explicam os técnicos da Weg. É por isso que o Nordeste tem tanto destaque. Lá os ventos são constantes, sem as rajadas que ocorrem em países europeus.

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Na geração de energia eólica, tudo apresenta grandes dimensões. Uma pá mede 54 metros. O gerador pesa 62 toneladas. Trinta e sete é o número de carretas para levar o guindaste que vai erguer a torre no local de instalação do aerogerador, a um custo de R$ 1,5 milhão. Como cada parque eólico tem várias unidades, o custo do guindaste acaba diluído.

Energia solar

Além de utilizar uma fonte de energia renovável, uma usina solar tem outro apelo sustentável: pode se adequar à geografia. Os painéis (módulos fotovoltaicos) não precisam ficar todos juntos. Podem ser distribuídos conforme a disponibilidade do terreno.

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No próximo dia 31 de outubro vai acontecer o primeiro leilão de energia solar e há muita expectativa em torno dele por alavancar tanto a energia eólica quanto a solar. O investimento depende do uso de financiamento, e o leilão dá a garantia de que alguém vai comprar a energia gerada.