
Entre as muitas conquistas obtidas pela tecnologia está o maior acesso à informação. Na saúde, essa mudança vem iniciando também uma verdadeira transformação na relação médico-paciente, na medida em que o paciente está muito mais interessado na evolução da medicina e vem prestando atenção redobrada nas notícias que abordam cuidados com seu corpo e sua mente. A comunicação sem limites da era digital ainda está resultando em pacientes mais engajados e exigentes, exercendo influência nos sistemas de saúde e, inclusive, impulsionando novos modelos de assistência pública ou privada.
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O paciente da atualidade também está mais disposto a abrir mão da exclusividade do atendimento tradicional para ter sua saúde monitorada com o uso de dispositivos que façam leituras do seu estado físico, repassando informações para o médico, auxiliando na tomada de decisão a distância, sobre a condução da terapêutica a ser aplicada em cada caso. Assim, cresce a chamada mobile health — ou simplesmente mHealth — termo usado para a prática da medicina apoiada por dispositivos móveis, como celulares e tablets.
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Destacam-se nessa trajetória os dispositivos wearables, que configuram uma ampla categoria dentro da saúde digital, com o monitoramento crescente de pacientes de todas as idades. Cada vez mais as “tecnologias vestíveis” podem ser utilizadas como peças do vestuário, incorporando-se ao cotidiano sem causar impactos nas atividades dentro de casa ou no ambiente de trabalho.
Os benefícios dessa nova relação já começam a aparecer: o rastreamento de métricas de saúde, como ritmo cardíaco, nível de atividade e padrões de sono, entre alguns exemplos; facilidade do acompanhamento das informações pelos médicos, clínicas e hospitais, ajudando a entender o estado de saúde atual dos pacientes; melhorias nos resultados gerais da saúde da população, com maiores taxas de sucesso do tratamento e redução nos números de readmissão hospitalar. Além disso, os dispositivos portáteis estão resultando em pacientes mais envolvidos com sua saúde pessoal e com o autocuidado.
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É importante lembrar, porém, que a tecnologia não deve substituir a interação humana na saúde, nem distanciar a relação médico-paciente, que segue sendo fundamental. Empresas como a Nudge Health, que trabalham com dispositivos de mHealth, defendem a necessidade de modelos que reúnam o monitoramento tecnológico, o consumidor e a experiência do profissional da medicina para o sucesso nos tratamentos. Segundo dados da própria empresa, os consumidores que trabalham em contato com um médico apresentam 3,3 vezes mais chances de continuarem envolvidos no monitoramento da saúde depois de 120 dias, em comparação àqueles que realizavam o monitoramento sozinhos.
*Ademar Paes Junior é médico radiologista e presidente da ACM
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