Wagner Moura lembra bem da imagem de Pablo Escobar morto em um telhado na Colômbia em 1993. Tinha 17 anos, vivia na Bahia e não tinha ideia de que o interpretaria duas décadas depois em uma série do Netflix. Ao receber o papel, a primeira coisa que pensou foi: “Estou ferrado!”, disse entre risadas. O ator brasileiro não falava espanhol e conhecia pouco da história do maior narcotraficante da história. Sem saber se conseguiria o personagem – para o qual precisou engordar 20 quilos – ficou seis meses em Medellín para estudar o idioma e percorrer suas ruas, buscando captar a visão que a cidade ainda tinha do “Patrão”.

Continua depois da publicidade

Você encontrou alguma humanidade em Escobar?

Pablo era um cara mau, mas era uma pessoa, tinha filhos, uma esposa, amigos, esse é o material que usei para recriar o personagem. Inclusive morreu por isso, porque estava falando com o filho no telefone, sabia que a ligação poderia ser interceptada pelos americanos e ainda assim continuou.

Narcos é uma história sobre a Colômbia contada por um olhar estrangeiro?

Continua depois da publicidade

O narcotráfico é uma realidade para todos os países latino-americanos, que sofrem com a política dominante da luta antidrogas que vem dos Estados Unidos. A série conta precisamente como isso começou, como se desenvolveu essa guerra antidrogas. A financiaram, a transformaram com os anos em uma guerra equivocada, especialmente para nós, porque é aqui onde as pessoas estão morrendo.

Como o problema deve ser encarado então?

Eu acredito que as drogas devem ser legalizadas, é minha opinião. Como deveriam ser legalizadas? De que forma? Não sei. Não se trata de liberar, de ir à farmácia e comprar heroína. Os diferentes tipos de drogas devem ser tratados como casos diferentes, mas esse é um processo inevitável. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal está votando o consumo de maconha; o Uruguai já deu um passo gigante.

Depois de Pablo Escobar, existiu outro traficante igual?

Pablo era uma pessoa diferente, não era o típico narcotraficante que trabalha nas sombras. Queria ser amado, aceito, era uma personalidade complexa. Inclusive dizia que as drogas seriam legalizadas, que seria um processo de 40 ou 50 anos, e os narcotraficantes se tornariam empresários.

Continua depois da publicidade

Séries com participação ou produção de brasileiros ganham destaque na TV por assinatura