Organização, disciplina, credibilidade. Preceitos básicos da cultura japonesa que serão incorporados ao Joinville a partir do comando de Wagner Lopes. O paulista de 49 anos foi confirmado como técnico do JEC na terça, se apresentou na quinta e começa o trabalho na próxima segunda-feira. O primeiro desafio será a Copa Santa Catarina, a partir de setembro, mas antes o técnico quer conhecer melhor o ambiente e contribuir na formação de uma filosofia de futebol com o legado japonês.
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O treinador passou mais de 15 anos no Japão. Como atleta, atuou de 1988 a 2002 na Ásia. Por ter dupla cidadania, chegou a jogar pela seleção japonesa na Copa do Mundo da França, em 1998. No ano passado, ainda dirigiu o Albirex Niigata. A vivência no Oriente dá a ele a confiança de que é possível aplicar estes conceitos no Brasil.
– A ideia é pegar a disciplina, a força de trabalho, de organização, de vontade, pegar a tecnologia que a gente viu lá fora e trazer para que a gente modernize e, principalmente, organizar o clube da melhor maneira possível – afirmou, em entrevista à Rádio Globo Joinville nesta sexta-feira.
O técnico ainda explicou como pretende trabalhar com as divisões de base do JEC; quais serão os métodos para errar menos nas contratações; e por que escolheu o Tricolor com oportunidades, na teoria, mais atraentes em mercados de Série B e Série C. Veja a entrevista completa abaixo em áudio ou texto.
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Como você encontrou o Joinville?
Wagner Lopes – É muito complicado fazer uma análise de três dias. Nós estamos buscando todas as informações possíveis para você estar dentro da coisa e ter noção do que está acontecendo. É claro que, num primeiro momento, estamos tentando ver as deficiências, as dificuldades internas e tem muito assunto interno que precisamos resolver primeiro. A ideia é ficar a par de todos os detalhes o mais rápido possível, dos problemas e das possíveis soluções para que a gente coloque isso em prática.
Você tem dupla cidadania (japonesa/brasileira). O que pode ser aproveitado da cultura oriental no JEC?
Wagner Lopes – Da cultura japonesa, trago essa disciplina, trago essa organização, o respeito individual e coletivo, ouvir a opinião das pessoas, não achar que você é o dono da verdade. O Wagner sozinho não é nada, precisa da ajuda de todos os profissionais, inclusive de vocês (imprensa), ora criticando, ora elogiando, ora buscando soluções em conjunto. O Joinville numa situação difícil fica ruim para todo mundo. A ideia é pegar a disciplina, a força de trabalho, de organização, de vontade, pegar a tecnologia que a gente viu lá fora e trazer para que a gente modernize e, principalmente, organizar o clube da melhor maneira possível.
Os jogadores da base terão oportunidade no elenco profissional?
Wagner Lopes – Eu adoro dar oportunidade para os caras da base. Se eu pudesse escalar 11 caras da base, eu ficaria muito feliz com isso. Agora, temos que aliar formação e desenvolvimento de potencial com rendimento. Os meninos da base vão ter oportunidade sim, é o que eu mais quero, agora eu preciso dar oportunidade por quem faz por merecer. Uma coisa que tomo muito cuidado é não queimar etapas, quero muito dar oportunidades, mas com orientação, com metodologia. Uma coisa é jogar por intuição, sem pensar no que está fazendo, outra coisa é jogar por orientação.
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O Joinville fez 121 contratações nos últimos quatro anos e foi três vezes rebaixado. Qual será o método para não errar tanto na busca de reforços?
Wagner Lopes – Eu não gosto de contratar sem alguns critérios. Nós estabelecemos alguns critérios aqui, como o histórico de lesão de atletas nos últimos três anos; minutagem, quantos jogos o cara fez nos últimos dois campeonatos. Eu preciso de rendimento técnico para ontem, não posso ter jogadores piores dos que eu tenho aqui. Preciso de gente vencedora, que sirva de inspiração para os meninos. Estamos tendo dificuldades, pois nesta época do ano a maioria dos atletas está empregado. Por isso, falar que não vai errar é desumano, lógico que nós vamos errar, mas temos alguns critérios específicos para se errar o menos possível. O mais importante é que o atleta contratado honre a camisa que lute ganhar a confiança da torcida.
Como montar uma equipe com qualidade e competitiva nas atuais condições financeiras do JEC?
Wagner Lopes – Com bastante pesquisa, bastante relacionamento, acho que tudo na vida é relacionamento. Quando não tem recurso financeiro, você tem que apelar para o relacionamento que seu nome gera, pelo seu passado, pelo sua conduta. Precisamos buscar alternativas no mercado, mas algumas delas esbarram nos critérios que estabelecemos, pois o cara que está jogando está empregado, o cara que está parado teve algum problema. Em resumo, a gente busca com relacionamento e seriedade convencer os profissionais. Vamos fazer de tudo para que as coisas combinadas sejam cumpridas.
Você mesmo teria mercado em outras divisões do futebol brasileiro, não?
Wagner Lopes – Posso dizer que tive oportunidades de assinar com times de Série B, Série C. Foram quatro convites. Declinei porque não vi a seriedade que vi nos dirigentes daqui. Vi muita seriedade no Alexandre Poleza (diretor financeiro), no Vilfred (Schapitz, presidente) e no Agnello (Gonçalves, gerente de futebol). Quando você sabe que trabalhando com pessoas sérias e honestas, não se torna de grande desafio.
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Qual mensagem que você deixa ao torcedor do Joinville?
Wagner Lopes – A mensagem que passo para o nosso torcedor é uma mensagem de união. Nós precisamos da volta do torcedor, do apoio, para que a gente volte a conquistar confiança e, principalmente, para que os nossos jogadores se sintam abraçados e apoiados. Juntos, tenho certeza que somos fortes.