“Eu nunca disputei eleição para ganhar em segundo turno”, disse o ex-presidente e agora candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em vídeo publicado na terça-feira (13) em rede social. A fala casa com a estratégia que vem sendo apontada como escolhida pelo comitê do partido a menos de um mês do pleito: apostar no “voto útil” para vencer a disputa em primeiro turno.
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O “voto útil é explicado por cientistas políticos ouvidos pelo Diário Catarinense como um comportamento de mudança de voto para eleição de candidato mais competitivo. Na prática, o eleitor acaba deixando de lado o nome que mais o agrada por não ver chances de vitória. A motivação pode ser ainda não desejar a vitória de um postulante.
— Isso acontece especialmente em eleições muito competitivas — diz o cientista político Julian Borba.
Dados da última pesquisa IPEC, divulgados na segunda-feira (12), indicam uma estabilidade na disputa presidencial. Lula aparece na frente com 46% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro (Republicanos) tem 31%, mesmo resultado do levantamento anterior.
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Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) estão em terceiro e quarto lugar, respectivamente. Os dois não tiveram crescimento expressivo em relação à última pesquisa IPEC e são considerados os alvos principais da “virada de voto” esperada pela campanha petista.
Em resposta, Ciro Gomes fez uma comparação entre a escolha pelo “voto útil” a trocar de torcida por um time de futebol.
— O que você diria a alguém que mandasse você mudar de time dizendo que ele pode não ser campeão? — questiona uma locutora no vídeo.
— Para eles, voto útil é tornar o seu amor inútil — completa a narradora.
“Voto útil” é considerado normal
O voto útil é visto como normal pelos especialistas. Ele é geralmente mais falado no segundo turno, por englobar menos candidatos do que a disputa inicial.
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No primeiro turno, essa escolha, avalia o doutor em sociologia política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Flávio Ramos, pode prejudicar candidatos em disputa.
— Se há mais de dois candidatos com condições de vencer, um deles pode ser prejudicado e pode alterar o resultado das eleições. Mas não vejo isso como provável neste momento — afirma Ramos.
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A visão é semelhante a do cientista político Tiago Borges. Em sua análise, a opção pelo “voto útil” favorece os melhores colocados nas pesquisas eleitorais.
— Isso favorece normalmente os dois partidos que estão na frente. É como você imprimir uma espécie de coordenação que aconteceria num segundo turno, no primeiro turno e acaba favorecendo os partidos que estão na frente — define Borges.
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Para o cientista político Julian Borba uma mobilização pelo “voto útil” pode afetar o resultado de uma eleição.
— É difícil de mensurar se ele pode mudar a trajetória de uma eleição, mas em eleições muito competitivas, em eleições cujo a distância entre o vencedor e perdedor é muito pequena, sim. Um movimento brusco de opinião pública em torno do voto útil pode sim alterar resultados — fala Borba.
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Faltando menos de um mês para o primeiro turno, avalia Borba, a mobilização deve ser maior em torno do “voto útil”.
— Os candidatos aproveitam um momentos finais para explorar muita vezes essa dimensão seja do voto útil, seja também no sentido de capturar os indecisos e trazer os indecisos para o seu lado, mas sempre explorar politicamente as estratégias de campanha — completa.
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