A cena, pela quinta vez nos últimos seis anos, pode se repetir: os servidores municipais de Joinville estarão reunidos em frente à Prefeitura nesta sexta-feira, às 9 horas, para se manifestar numa votação que determinará o início imediato ou não de mais uma greve da categoria na cidade.

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Há insatisfação por parte dos trabalhadores porque as negociações entre representantes do governo municipal e do sindicato dos servidores, o Sinsej, não avançaram sequer uma linha em mais um encontro nesta quinta-feira, na quinta rodada de negociações em relação à campanha salarial 2015.

A proposta apresentada pelo Executivo manteve as condições expostas anteriormente.

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Como os servidores já haviam decretado o chamado estado de greve na semana passada – um anúncio de que, se não houvesse proposta melhor, a greve seria inevitável – não será surpresa se a paralisação passar a ser articulada a partir desta sexta, após a realização da assembleia.

Mas o presidente do sindicato, Ulrich Beathalter, não descarta a possibilidade de se abrir mais uma semana de prazo para a Prefeitura. O que os servidores devem decidir na assembleia, diz Ulrich, é se a categoria paralisa imediatamente ou se garante mais alguns dias ao governo.

– A única possibilidade de se evitar a greve (na sexta ou mais adiante) é a Prefeitura apresentar proposta melhor. Qualquer movimento nosso é estratégia para buscar uma contraproposta, mas tudo tem limite – afirma o líder sindical.

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O que está na mesa é a proposta de reajuste pela inflação (8,34%), mas parcelado em oito vezes. Além de não concordar com o aumento somente pelo INPC e ainda considerar inadmissível o parcelamento, o sindicato defende a reposição da inflação de imediato mais um ganho real de 5%.

O reajuste salarial é o maior impasse, mas a discussão de outras cláusulas da pauta de reivindicações da categoria ainda vai arrastar as negociações nos próximos dias, como o vale-alimentação e a exigência de uma proposta imediata para o atendimento de saúde dos servidores.

O último ano em que não houve greve da categoria em Joinville foi 2012, quando o então prefeito Carlito Merss (PT), em período eleitoral, apresentou proposta compatível às reivindicações do sindicato.

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Há margem para melhor reajuste, defende sindicato

O encontro entre a cúpula da Prefeitura e a diretoria do Sindicato dos Servidores nesta quinta se estendeu por cerca de duas horas e meia. Não houve sequer uma chance de entendimento porque nenhum dos lados apresentou contraproposta.

Em um comunicado oficial, o Sinsej chamou de “faz de conta do governo Udo” a postura do Executivo nas negociações. A nota diz que o prefeito Udo Döhler (PMDB) teria sido categórico ao negar interesse em negociar. O sindicato também sustenta a reivindicação por um melhor reajuste nos dados da folha do funcionalismo: conforme o colunista de “A Notícia”, Jefferson Saavedra, mostrou na edição desta quinta, o peso da folha ficou perto de 44,6% da receita nos últimos 12 meses. No fim do ano passado, o mesmo índice fechou em 46,2%.

O limite de gasto com pessoal é de 54% da receita. Daí, portanto, a insistência do Sinsej em querer mais.

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Proposta dentro da realidade, diz Prefeitura

A Prefeitura de Joinville defende que a oferta da administração municipal contemplava a realidade econômica regional e nacional. Para a Prefeitura, é importante que o sindicato observe como os acordos sindicais estão sendo decididos nas outras cidades de Santa Catarina, além de observar que em muitas de suas pautas, como a do vale-alimentação, existiram grandes avanços nos últimos dois anos.

O que pede o sindicato

– Reposição da inflação com base no INPC, 8,34% mais ganho real de 5%

– Regulamentação da revisão mensal dos salários, famoso Gatilho Salarial

– Aumento no valor do vale-alimentação para R$ 572,00 ao mês

– Reposição de todos os valores descontados das folhas de pagamento pela participação na greve de 2014

– Extensão da gratificação de Alta Complexidade para todos os servidores do Hospital São José

O que oferece a Prefeitura

– Reposição da inflação com base no INPC, 8,34%, divididos em oito vezes, de maio a dezembro.

– Dispensa do registro do ponto biométrico na intrajornada dos Agentes Comunitários de Saúde (reivindicação específica do setor)

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– Extensão da gratificação de alta complexidade apenas ao setor de oncologia do Hospital Municipal São José.

– Fim da hora-termo no Magistério, acordada em campanha salarial anterior mas sem resolução até o momento.

– Regulamentação do gozo da licença-prêmio em até seis meses após o requerimento.