A companhia aérea americana JetBlue dá início nesta quarta-feira a uma nova era nas relações entre Cuba e Estados Unidos ao enviar o primeiro voo comercial à ilha depois de mais de 50 anos. O aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida, estava em festa.
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Diante da porta de embarque da JetBlue, uma banda de salsa ao vivo cantava clássicos como “Guantamera” e “Me voy pa’Mayari”, encorajando os jornalistas e visitantes a dançar.
Com um batismo com um jato d’água e seus 150 assentos vendidos, o voo 387 da JetBlue partiu às 9h45min locais (10h45min de Brasília) e chega a Santa Clara, 280 km a leste de Havana, pouco mais de uma hora depois.
— Às vezes lembramos grandes momentos da história. Este é um pequeno voo para os passageiros, mas um enorme avanço na reconexão da humanidade — afirmou Mark Gales, chefe executivo do aeroporto, mencionando a queda do muro de Berlim e a chegada do homem à Lua.
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Os passageiros começaram a embarcar em meio a aplausos, gritos, lágrimas e balões coloridos. Um deles, Domingo Santana, de 53 anos, foi o primeiro a comprar a passagem do primeiro voo comercial a Cuba depois de ter deixado a ilha quando tinha seis anos.
— Estou muito orgulhoso, muito emocionado. Nunca fui ao meu país, não conheço meu país. É uma grande oportunidade — disse Santana.
“Esta reabertura nos beneficiou”, comentou outra passageira, Aleisy Barreda, de 46 anos.
— Não apenas em preços, mas também em facilidades para comprar as passagens. Agora só falta ter mais férias! — disse.
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O secretário de Transporte americano, Anthony Foxx, viajará a Cuba “coincidindo com este voo inaugural”, informou nesta terça-feira o ministério de Transporte da ilha.
Marco histórico
Este é o primeiro voo regular entre os dois países desde 1961, quando o tráfego aéreo foi suspenso vítima da Guerra Fria. Washington e Havana acordaram em fevereiro deste ano restabelecer os voos comerciais, em um ponto de viragem no progressivo restabelecimento dos laços diplomáticos que começou em julho de 2015.
— É um marco histórico nas relações entre os dois países — comentou Jorge Duany, diretor do Instituto de Investigações Cubanas da Universidade Internacional da Flórida (FIU).
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Os voos regulares “permitirão um movimento mais fluído de pessoas, mercadorias, informação e ideias entre dois lugares muito próximos geograficamente, mas muito distantes politicamente”, acrescentou.
Cuba, na moda
O embargo de Washington ainda proíbe o turismo em Cuba, mas os americanos podem viajar dentro de outras 12 categorias. As mais utilizadas são o intercâmbio cultural ou educacional.
— Há muito interesse em Cuba, é um lugar que está quente agora, ficou na moda — disse Frank González, dono da agência Mambí Tours, que oferece pacotes para americanos com estúdios de música ou candomblé.
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Desde que no ano passado foi liberada a possibilidade de viajar a Cuba, as visitas bateram um recorde: 161 mil em 2015, 77% mais que no ano anterior, de acordo com o ministério do Turismo da ilha.
Desde 1979, os voos “charters” supriram a demanda e até esta semana havia apenas trinta voos diários. Normalmente, a passagem em um charter a Cuba custa entre 400 e 500 dólares, enquanto a JetBlue cobrará 99 dólares a ida e cerca do dobro ida e volta.
Ao longo dos próximos meses a regularidade dos voos aumentará até chegar a 110 diários, 20 deles a Havana. As autoridades americanas ainda não decidiram quais companhias servirão à capital. Por enquanto, voarão a nove aeroportos provinciais as companhias JetBlue, American, Silver, Frontier, Southwest e Sun Country.
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