O sentimento de pertencimento a uma comunidade pode ser percebido no orgulho pelas belezas do ecossistema local, pelas conquistas de outros moradores, pelo destaque nacional quando a cidade chama atenção por seus pontos positivos, mas, neste sábado, ele foi sentido por dezenas de pessoas que passaram pelo setor Caranguejo do Parque da Cidade, no bairro Guanabara, em Joinville. Durante o evento organizado pelo projeto Joinville que Queremos, do jornal A Notícia, em parceria com a Prefeitura e a Câmara de Vereadores de Joinville, uma das áreas de lazer da zona Sul da cidade foi revitalizada e revalorizada pelos moradores. Cada colaborou de uma forma: profissionais da Secretaria do Meio Ambiente e da Ambiental fizeram a roçada na sexta e no sábado a comunidade tomou conta da praça e pintou vários locais com tintas doadas pela Tintomax.
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Moradora do bairro há 41 anos, “desde que praticamente não havia ruas no Guanabara”, como ela mesma conta, Lili Marlene, 68 anos, ficou muito satisfeita com o resultado. Ela faz parte da diretoria da Associação de Moradores Guanabara, que tem sua sede no setor Caranguejo do parque, e coordena o grupo da 3ª idade da associação.
— A associação se esforça, mas não dá conta de fazer tudo sozinha. E tem muita gente que vem para danificar o parque. Espero que, a partir de agora, ocorram mais eventos como esse — afirmou Lili, que, durante o evento, vendeu peças de artesanato produzidas pelo grupo da 3ª idade.
Com a ocupação do espaço público como palavra-chave do evento, os grafiteiros eram os especialistas da área em transformação da paisagem por meio da arte. Embora chateados pela cobertura dos antigos grafites que decoravam a pista de skate, apagada pela manutenção do local, eles assumiram a responsabilidade de fazê-los ressurgir. Uma “força-tarefa” foi chamada para garantir que boa parte da pista recebesse cores, com os traços dos artistas locais.
— Grafite e skate são as maiores formas de ocupação urbana. O grafiteiro não ganha nada, e gasta muito com a compra dos materiais, mas continuamos fazendo por amor, para expressar o que a comunidade sente e não consegue dizer — explicou Juliana Schmitd, que criou um polvo saindo da tinta cinza da pista de skate.
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Do outro lado, na Associação de Moradores do Guanabara, os irmãos Alexandre e Eduardo Feitosa e o pessoal do Instituto Cultural Ademar César dividiam com os integrantes da associação de moradores a tarefa de pintar a sede. Enquanto os moradores renovavam o branco do prédio, os artistas davam significados ao local. De um lado, os irmãos Feitosa desenharam uma mulher como folhas e flores na cabeça, como uma forma de falar do feminino, da natureza e da arte de preservar.
Com a ajuda dos alunos, boa parte deles formados por pessoas com necessidades especiais, Ademar César e a esposa, Jana Souza, transformaram a fachada da Associação de Moradores em um grande mural com as diferentes espécies de animais que podem ser encontrados na mata nativa do bairro, bem atrás do imóvel. Aves e crustáceos foram representados, com a mensagem “A arte liga mundos”.
— Quisemos trazer os nossos alunos porque ainda há muito preconceito com as pessoas com deficiência. Queremos que eles saibam que podem fazer tudo, inclusive ajudar a melhorar a cidade — contou Jana.
Moradores curtiram o parque em meio às ações
Vivendo pertinho do parque, João Paulo e Simone Vaichulonis costumam levar os filhos, Diego e Breno, quase todos os dias ao local. É o espaço onde eles podem “gastar as energias”, explica o pai.
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— O padre da nossa igreja avisou que haveria esta ação, por isso viemos. Eles já brincaram muito e abraçaram os cachorros — conta João Paulo, referindo-se à presença de cães para adoção e dos mascotes do grupo The Bull’s, que instalaram placas de orientações para tutores.
Com a mãe morando ao lado do parque, Karina da Silva Felipe contou com a companhia do marido, Cristiano Felipe para dividirem os cuidados com quatro crianças da família enquanto eles divertiam no parque: os filhos deles, Matheus e Thiago, de cinco e dois anos; e as afilhadas Lívia e Nathali, também de dois anos.
— Sempre os trazemos ao Parque da Cidade para brincar. Nós assistimos às apresentações de capoeira, que eles adoram — explicou Karina.