O número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família em Joinville, dez anos após o lançamento do programa no País, só aumenta. E parece não ter um teto. Hoje, 6.196 famílias recebem ajuda financeira por meio do programa na cidade, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O número representa 3,75% da população, de acordo com o censo do IBGE de 2010.

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De junho de 2011, quando foi iniciado o Plano Brasil Sem Miséria, até fevereiro deste ano, houve um aumento de 21,63% no total de famílias beneficiadas em Joinville.

O número anterior a junho de 2011 não pode ser incluído na base porque houve uma mudança importante na política de transferência de renda do governo federal. Outro indicador que mostra como o programa cresce na cidade é o financeiro.

Em dez anos, o valor pago às famílias de Joinville quase quadruplicou. Embora nos primeiros anos o aumento se explique pela formação do cadastro do programa, nos últimos quatro anos, quando os resultados deveriam estabilizar, houve progressão.

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Em 2004, foram transferidos R$ 2,5 milhões para os joinvilenses; em 2008, R$ 5,4 milhões; e, no ano passado, R$ 9,8 milhões.

– Há um ciclo. Muitas famílias conseguem vencer a dependência e sair do programa, mas essa não é a regra. E ainda há muita demanda – diz a coordenadora do programa em Joinville, Elizabeth Dias Costa.

Segundo ela, o indicador sugerido pelo IBGE, de famílias que poderiam ser alcançadas pelo programa, é um pouco superior a 4%. Em fevereiro deste ano, o município garantia o benefício a 71% do total estimado pelo instituto com perfil de renda para ser atendido no programa. Isso coloca a cidade numa condição diferenciada em relação a outras do mesmo porte no País.

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– Nosso cadastro está bem estruturado e temos feito um acompanhamento de perto – diz Elizabeth.

500 famílias aguardam avaliação

Além das famílias beneficiadas pelo programa social, cerca de outras 500 aguardam pela avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para serem incluídas no programa. Se fosse considerado apenas o índice do IBGE, Joinville teria outras 2,9 mil famílias em condições de pobreza para serem incluídas no programa.

O número de famílias não é estático. Todos os meses há casos em que o benefício é bloqueado por algum problema de documentação e comprovação dos critérios.

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Essas pessoas podem reaver o dinheiro se comprovarem estar de acordo com o programa. A transferência de renda passou a ser condicionada ao longo dos anos a uma série de ações da família e a programas complementares que tentam reforçar o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social.

Os valores dos benefícios pagos pelo Bolsa Família variam de acordo com as características de cada uma das famílias beneficiadas – considerando a renda mensal por pessoa, o número de crianças e adolescentes de até 17 anos, de gestantes e, claro, de componentes ou agregados que dependam da mesma renda.

Na prática, para garantir o dinheiro na conta no começo de cada mês, a família deve ter as crianças nas escolas, vacinadas e com acompanhamento médico. Em alguns casos, que estejam participando de outros programas que ajudam no desenvolvimento intelectual, como capacitação profissionalizante.

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– Toda a rede de fiscalização é integrada. É possível saber com precisão se a criança está indo na escola ou se as vacinas estão em dia, por exemplo – reforça Elizabeth, lembrando que o governo consegue cruzar os dados que envolvem renda, escolaridade e saúde de todos os integrantes da família beneficiada.

Peregrinação para receber R$ 38

O que você faria com R$ 38 por mês? O valor aproximado de uma pizza, uma garrafa de vinho importado ou uma camiseta, para a dona de casa Marizete Cordeiro de Meira, de 35 anos, representa ter recursos para pagar a energia elétrica e dar banho quente nos filhos. Este é o valor pelo qual ela tem lutado desde o começo do ano.

Como milhares de paranaenses que chegaram em Joinville no começo dos anos 1980, a família de Marizete alimentava a esperança de uma vida de muitas conquistas. Ela saiu de Santa Isabel, no Nordeste do Paraná, com oito anos.

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Aos 35, mãe de quatro filhos, Marizete se transformou na referência da família. Não conquistou tudo o que sonhava, mas se orgulha de morar em Joinville e receber o carinho dos pupilos.

Marizete foi uma das primeiras a buscar o auxílio na região do Paranaguamirim, na zona Sul da cidade. Dos quatro filhos, três já não têm idade para receber o auxílio. No fim do ano passado, a terceira filha fez 18 anos e concluiu os estudos. Por causa disso, o benefício foi bloqueado temporariamente.

Os últimos R$ 38 que ela recebeu em janeiro foram usados para pagar a luz. A conta dos últimos meses atrasou, mas Marizete espera reconquistar o direito ao benefício.

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Para isso, na última semana, ela peregrinou por todos os locais públicos para reunir os documentos necessários e levar até o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Paranaguamirim.

O órgão tem mais de 19 mil famílias cadastradas. Segundo Iara Lúcia Pereira, assistente social com experiência de três décadas na Prefeitura de Joinville, o Bolsa Família tem sido fundamental para garantir dignidade às famílias mais carentes. Porém, o desafio é fazer com que as famílias realmente deixem o programa por conta própria.

Como fazer parte do programa

1) Famílias com renda de até R$ 70 por pessoa

2) Famílias com renda de R$ 70,01 a R$ 140 por pessoa, que possuam em sua composição gestantes, nutrizes (mães que estão amamentando), crianças de zero a 16 anos incompletos

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3) Famílias com renda de até R$ 140 por pessoa, que possuam em sua composição adolescentes de 16 e 17 anos.

Cadastramento

1) Apresentar um documento de identificação, como o CPF, para se cadastrar no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal.

Seleção

1) A seleção é feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com base nos dados inseridos pelas prefeituras no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal. Ela é realizada mensalmente e o critério principal é a renda per capita da família.

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