Depois de quase ter uma enchente no fim de maio, milhares de moradores de Brusque agora estão enfrentando os problemas provocados pela estiagem. O cenário entre extremos reflete o tempo dos últimos meses do Vale do Itajaí: após ter chuva muito acima do normal em maio, a região está no quarto mês seguido em que o volume acumulado não chega sequer à metade da média histórica.
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Em agosto, o volume pluviométrico no Vale do Itajaí foi de 27 mm, apenas 26,07% da média histórica do mês — estimada em 104,7 mm. O índice de chuva também ficou muito abaixo do comum nos meses anteriores, com registro de 35,99% em junho e 40,53% em julho na comparação com o índice usual. Os dados são da Epagri/Ciram, órgão estadual de monitoramento do tempo e do clima.
A situação segue crítica em setembro, quando historicamente há aumento no volume de chuva no Vale do Itajaí. Até o dia 17, o acumulado na região estava semelhante a agosto, com 27,4 mm, mas representava apenas 20% dos 133,5 mm esperados para o mês (veja o gráfico abaixo).
Para a meteorologia Maria Laura Rodrigues, que atua na Epagri/Ciram, os sistemas que provocam chuva estão passando por Santa Catarina e trazendo a frente fria. Porém, não há umidade suficiente para provocar volumes pluviométricos significativos e aumentar o nível dos rios.
— A umidade que chega no Sul do Brasil desce da região Norte. Só que lá o tempo está seco, tanto que há condição que facilita as queimadas. Como a região amazônica não tem umidade desde maio, Santa Catarina também sofre com esse estado — explica.
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Chuva dos últimos dias ainda é insuficiente
Guilherme Miranda, que atua no setor de hidrologia da Epagri/Ciram, avalia que o aumento de dias quentes nos últimos meses ampliou a intensidade da evapotranspiração, fenômeno natural que está relacionado à temperatura e umidade do ar. Nem a chuva desta quarta-feira, fraca e mal distribuída, foi suficiente para melhorar a situação de forma considerável.
— Ainda é insuficiente para recuperar a condição normal do regime hidrológico dos rios. Teria que chover um acumulado de mais de 120 mm. Além disso, o processo de evapotranspiração durante estes dias quentes e secos tem aumentado, liberando para atmosfera a pouca água ainda retida e armazenada no solo — afirma.
A previsão para os próximos dias na região indica tempo fechado e chuva, mas abaixo do necessário para aumentar o nível do rios. Conforme Maria Laura Rodrigues, o tempo deve continuar chuvoso no Vale do Itajaí até sábado a tarde, a partir de quando haverá aberturas de sol. Entretanto, o volume deve ser aquém do esperado para esse período do ano.
De acordo com dados da Epagri/Ciram, o acumulado de chuva desde a noite de terça-feira foi de 27 mm em Brusque e 24 mm em Blumenau. O município do Vale do Itajaí com o maior volume nesse período foi Ilhota, com 41 mm. Itajaí, Camboriú e Balneário Camboriú estão em seguida com 34 mm.
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Entretanto, pouco choveu no Alto Vale do Itajaí, onde o nível dos rios está mais baixo. A maioria dos municípios da região registrou menos de 11 mm de precipitação nas últimas 48 horas. A exceção é José Boiteux, onde o volume acumulado nesse período foi de 17 mm.