Apesar da liberação dos ônibus interestaduais para voltarem a circular em Santa Catarina a partir desta segunda-feira (3), ainda deve demorar mais tempo para que os catarinenses voltem a poder se deslocar para outros Estados por meio do transporte rodoviário. O serviço estava proibido no Estado desde março, quando o governo de SC iniciou a quarentena por causa do novo coronavírus.

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A principal dificuldade para as empresas está no fato de que algumas prefeituras ainda mantêm decretos municipais que proíbem o transporte interestadual. Além disso, em muitas cidades, como Florianópolis e Balneário Camboriú, os terminais rodoviários também estão fechados, como parte das medidas de restrição adotadas pelos municípios. Em Florianópolis, por exemplo, a prefeitura já afirmou que não vai autorizar a retomada das linhas no terminal rodoviário.

Sem as rodoviárias, as empresas alegam que não poderiam atuar, já que o regulamento da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) exige que os ônibus operem dentro da rota programada na concessão e utilizando os terminais.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros em Santa Catarina (Setpesc), Sandoval Caramori, explica que as empresas estão praticamente começando novamente uma operação. Ele diz que o setor comemorou a liberação das linhas interestaduais, já que o setor ia para o quinto mês sem operação, o que estava tornando cada vez mais difícil uma retomada.

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– As empresas estão se organizando. Estávamos no aguardo pelo o que está acontecendo no Estado, mas temos ainda uma dificuldade grande para operar. Vamos ter que achar alternativas – afirma, ao pontuar a dificuldade nos municípios onde ainda há restrição.

O sindicato diz que conversa com o órgão concedente para entender como vai ficar a situação das rodoviárias e como os ônibus poderão circular nas condições atuais. Até lá, ainda não há definições claras sobre quando o usuário poderá voltar a utilizar o serviço da forma em que está habituado.

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– A sensação é de que ganhamos, mas não levamos. Embora o governo do Estado tenha liberado para que isso aconteça, se o contexto todo não abrir, os ônibus não têm como operar – avalia Caramori.

O secretarío de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Thiago Vieira, afirma que o Estadoa gora diz que o serviço é possível, mas que isso não siginifica que ele vai funcionar normalmente porque as autoridades locais de saúde ainda podem impor suas restrições.

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Segundo ele, onde os terminais rodoviários estiverem fechados, as linhas não vão poder parar – ou embarcar, caso seja o local de origem.

– Por parte da secretaria nao haverá nenhuma autorização para parada em outro local. Isso seria desregular o sistema o sistema. Se alguém fizer isso, fará de forma irregular, e estará sujeito à fiscalização. Temos que entender que a volta do serviço vai ocorrer de forma gradativa – pontua o secretário.

Vieira dá um exemplo de uma linha de Porto Alegre que passa por SC até Curitiba e tradicionalmente para em Florianópolis, na condição atual, com a rodoviária fechada, não vai poder parar e terá de seguir viagem.

Os ônibus que passaram a ser liberados nesta segunda-feira são os interestaduais. Ainda assim, municípios podem optar por manter as restrições. As linhas intermunicipais, entre cidades catarinenses, e municipais, que circulam dentro das cidades, seguem proibidas.

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Empresas de fretamento também preveem volta gradativa

A liberação dos ônibus interestaduais também favorece as empresas de fretamento. O diretor de assuntos públicos e políticos da Associação das Empresas de Transporte Turístico e Fretamento de Santa Catarina (Aettusc), Nilton Pacheco, diz que o setor esperava há 120 dias pelo momento e que a liberação pode ser um ponto de partida para que as pessoas voltem a perceber o ônibus como meio seguro de transporte.

Nas empresas de turismo e fretamento a expectativa é de que as viagens interestaduais também não voltem de imediato, mas sejam retomadas gradativamente à medida que as pessoas voltarem a fazer planos de viajar e fretar os serviços de transporte.

– O mercado foi duramente afetado e o que nos deixa tristes é que o setor não foi olhado com isonomia porque o transporte aéreo não parou em nenhum momento e não adotou protocolo de distanciamento. Mas a partir de agora podemos colocar um horizonte para esse universo, que somando setor privado e linhas concedidas, somam quase 150 mil famílias, entre diretos e indiretos, que estavam sem norte nenhum de sobrevivência – avalia.

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As normas de prevenção a serem adotadas nos ônibus

– Desinfecção a cada viagem;

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– Medição de temperatura com uso de termômetros antes do embarque;

– Ocupação máxima de 50% dos veículos. Para isso, uma medida deve ser o uso intercalado das poltronas. Em ônibus leito, por já terem espaço maior entre as fileiras de bancos, essa ocupação intercalado pode não ser necessária;

– Renovação de ar no uso do ar-condicionado;

– Uso de máscara obrigatório durante toda a viagem.