Uma democracia pressupõe ampla liberdade de escolha e de atuação, de preferência com ações que contribuam para aprimorá-la. ?

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A três semanas das eleições gerais de 5 de outubro – nas quais os brasileiros escolherão quem irá assumir o comando do país e dos Estados e quem irá representá-los nos Legislativos dessas duas instâncias da federação -, ainda há tempo para uma reflexão sobre a importância desse processo. Por maior que seja o desencanto com a política e com os seus reflexos sobre a economia e os serviços públicos, entre tantas outras áreas, é importante que os cidadãos não contribuam para desmerecer a política, mas para qualificá-la. Só o eleitor, munido do mais poderoso instrumento da democracia, que é o voto livre, independente e consciente, pode tornar a política brasileira mais digna e comprometida com os reais interesses do país.

Mesmo com as facilidades disponíveis hoje para tornar as campanhas eleitorais mais eficazes, segue oportuno o alerta do pensador alemão Bertolt Brecht, para quem “o pior analfabeto é o analfabeto político”. Na sua visão, o cidadão alienado “não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”, além de desconhecer que questões como o custo de vida, por exemplo, dependem de suas decisões. E, na sua ignorância, “estufa o peito dizendo que odeia a política”, abrindo assim espaço para que outros elejam maus políticos. As advertências de Brecht, embora feitas no século passado, se mantêm atualizadas.

Com amplo acesso a informações e recursos tecnológicos para definir suas escolhas políticas com segurança, o eleitor tem hoje menos razões do que no passado para manifestar desinteresse e até rejeição pela política. Se há justificativas para desencanto com os resultados de ações de gestores públicos e legisladores, nada recomenda, a esta altura da campanha eleitoral, pregações como a de voto em branco, ou nulo – ou, pior ainda, de greve de votos, como chegam a defender alguns grupos.

Uma democracia pressupõe ampla liberdade de escolha e de atuação, de preferência com ações que contribuam para aprimorá-la. Inovações como a Lei da Ficha Limpa ajudaram a qualificar a democracia brasileira, ao garantir maior segurança aos eleitores, que passaram a ter melhores condições de examinar a trajetória dos candidatos antes de definir seu voto. Cada vez mais, é preciso facilitar o acompanhamento posterior, pois o papel dos eleitores está longe de se encerrar quando o voto é digitado na urna.

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