O diario.com.br adianta o editorial que publicará no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Comentários enviados até as 19h de sexta-feira serão selecionados para publicação na edição impressa.
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O BRASIL QUE DÁ CERTO
O movimento da semana de Natal nas principais cidades do país – incluindo shoppings cheios de clientes, ruas congestionadas de veículos, trânsito intenso nas estradas, aeroportos lotados, atividade comercial atípica – retrata acima de tudo um Brasil que está dando certo em vários aspectos da vida nacional.
Embora nosso país não esteja imune aos efeitos da crise global, que no momento se manifesta de forma mais acentuada na Europa, encaminhamo-nos para um final de ano com avanços que merecem ser reconhecidos nesta hora de celebração. Basta um olhar mais benevolente e menos crítico para constatarmos que o Brasil deste Natal de 2011 registra avanços promissores, entre os quais o pleno emprego, a participação efetiva no consumo de uma parcela da população que estava excluída, a inflação controlada, a vigilância ética dos cidadãos sobre seus representantes políticos, a oferta de escola para todas as crianças e a preocupação crescente da sociedade com a qualificação do ensino público.
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Não se pode fechar os olhos para os problemas. O país cresceu menos do que o previsto e algumas conquistas que já pareciam asseguradas passam por turbulências merecedoras de atenção. Mas esses percalços são normais numa democracia, especialmente num país emergente que ainda não aplainou todos os caminhos para o seu desenvolvimento.
O importante é que os obstáculos vêm sendo encarados como desafios pelas autoridades e pelos cidadãos. Enquanto nações historicamente estabilizadas tropeçam por conta de políticas administrativas e sociais equivocadas, o Brasil investe no seu próprio povo, distribuindo renda, apostando no consumo interno e olhando com atenção os gargalos de infraestrutura que ainda obstaculizam o seu crescimento. Entre os desafios do futuro próximo, está o enfrentamento das principais apreensões da população brasileira, registradas em recente pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria ao Ibope.
A consulta feita em todos os Estados da federação mostrou que saúde, impostos e segurança, nesta ordem, são hoje as principais preocupações dos cidadãos. As mazelas da saúde são bem conhecidas. Embora o país disponha de um sistema universal de atendimento, reconhecido como modelar nas nações em desenvolvimento porque oferece assistência gratuita para qualquer pessoa, incluindo consultas com especialistas, partos e exames laboratoriais, o que costuma ser destacado é o lado negativo, representado por hospitais superlotados, médicos malpagos e pacientes sofrendo nas antessalas das emergências.
Há muito, portanto, a corrigir. A questão tributária também preocupa porque os contribuintes brasileiros pagam muito e recebem pouco do Estado. Cidadania atenta, escolha criteriosa de governantes e vigilância permanente sobre o poder público tendem a atenuar esse problema. A falta de segurança, que nos humilha diante de países ricos e pobres que sofrem do mesmo mal, ainda parece um desafio para muitas décadas, mas algumas ações isoladas de autoridades estaduais vêm se mostrando promissoras – como a política de retomada de territórios dominados pelo tráfico no Rio de Janeiro.
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Certamente não será o Papai Noel que nos trará de presente a solução de nossos problemas. Cada brasileiro é que precisa fazer a sua parte nesta empreitada para que possamos efetivamente alcançar um resultado coletivo de bem-estar e esperança. O Natal se presta para esta reflexão: se somos capazes de ser solidários, de celebrar os nossos melhores sentimentos com familiares e amigos, de movimentar o comércio e o trânsito no sentido da prosperidade, por que não seremos capazes de construir um país mais digno e desenvolvido?