As relações com Washington são mais importantes que as disputas sobre as atividades dos serviços secretos, afirmou nesta quarta-feira o presidente russo Vladimir Putin, em referência ao caso do ex-consultor americano foragido Edward Snowden, que pediu asilo a Moscou.

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Putin tentou acalmar os ânimos na questão, enquanto um dos advogados de Snowden afirmou que o americano não descarta a possibilidade de solicitar a nacionalidade russa.

– Na minha opinião, as relações entre os Estados são muito mais importantes que as disputas sobre as atividades dos serviços secretos – declarou o presidente russo.

– Advertimos Snowden que qualquer atividade dele que possa prejudicar a relação Rússia-EUA é inaceitável – disse.

O ex-consultor de inteligência, bloqueado há mais de três semanas em um aeroporto de Moscou, solicitou na terça-feira asilo provisório à Rússia, um passo prévio para obter refúgio em um país da América Latina.

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– Mas ele não descarta a possibilidade de pedir a nacionalidade russa – declarou à imprensa o advogado Anatoly Kucherena, que na terça-feira ajudou Snowden a solicitar o asilo temporário.

– Ele me disse: “Não tenho intenção de deixar a Rússia” – completou o advogado.

Kucherena explicou também que o jovem foragido, que fez um pedido oficial de asilo provisório à Rússia na terça-feira, pode sair em breve da zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Sheremetivo, onde está bloqueado desde que chegou de Hong Kong em 23 de junho.

O porta-voz do presidente russo, Dmitri Peskov, destacou que o pedido não precisa da aprovação do Kremlin, o que seria necessário no caso de asilo político.

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– No caso de um asilo temporário, isto não envolve o presidente, e sim o serviço federal de imigração”, afirmou.

Moscou espera que o caso não prejudique o “desenvolvimento positivo das relações da Rússia com os Estados Unidos”, completou.

O Kremlin, incomodado com a situação, mantém reservas no caso Snowden.

O técnico de informática americano, acusado de espionagem por Washington depois de ter revelado dados sobre o sistema de vigilância eletrônica dos Estados Unidos em todo o mundo, pediu asilo à Rússia há duas semanas.

Mas retirou a solicitação depois que o presidente Putin impôs como condição o fim das revelações sobre o programa de espionagem americano.

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Pouco depois do anúncio do pedido de asilo temporário, Washington reiterou a demanda para que Snowden seja expulso aos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem pelas revelações sobre as operações de vigilância eletrônica americanas no exterior.

– Nossa posição é que Snowden deveria ser expulso e enviado aos Estados Unidos, e que não deveria ser autorizado a viajar ao exterior, exceto para retornar aos Estados Unidos – declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Mas Putin defendeu o direito de Moscou de realizar uma política “independente”.

– Temos nossos próprios objetivos no desenvolvimento das relações com os Estados Unidos. Somos um país independente, com uma política externa independente – destacou Putin.

Questionado sobre a diferença entre a atividade contra os Estados Unidos e a defesa dos direitos humanos, o presidente russo disse que não queria entrar em detalhes.

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– A defesa dos direitos humanos apresenta certos riscos para aqueles que os defendem. Se tal atividade acontece sob os auspícios dos Estados Unidos é uma atividade bastante cômoda. Se alguém critica os Estados Unidos, se torna muito mais complicada – comentou o presidente russo.

-O caso do avião do presidente boliviano é um exemplo – disse.

No início de julho, o avião do presidente boliviano Evo Morales fez um pouso forçado em Viena depois da recusa inicial de países como Espanha, França e Portugal de permitir o sobrevoo de seus territórios. A motivação foi a suspeita de que Snowden estaria a bordo.

– Tenho a impressão de que Edward Snowden jamais fixou como objetivo ficar indefinidamente na Rússia – afirmou Putin.

– A verdade é que não entendo muito bem como decidiu publicar as revelações, como pensa em levar sua vida, mas é o destino dele, sua decisão – concluiu.

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