De início, Igor da Silva, 25 anos, pensou que o barulho que escutou vindo da rua fosse de uma discussão entre familiares. Mesmo assim foi verificar a origem da gritaria. Foi naquele momento que ele se deparou com fogo consumindo a casa vizinha. A mãe dele ligou para os bombeiros às 20h de terça-feira (11).
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Antes mesmo que os três caminhões dos socorristas chegassem à Rua Irmã Bonavita, em Capoeiras, em Florianópolis, as chamas já tinham invadido todos os cômodos do imóvel de madeira. Três pessoas morreram. O pai de 56 anos e dois filhos de sete. O relato é de que o incêndio não demorou muito para destruir tudo.
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— Em menos de 15 minutos a casa foi embora. Foi tudo muito rápido — conta Igor.
Quando viram o fogo, os moradores da rua tentaram derrubar o portão de ferro. Cinco homens se debruçaram sobre a estrutura, que mesmo assim não cedeu. Pulando o muro, o grupo conseguiu resgatar um dos cachorros da família. O pitbull Eros, que ficava sempre preso na parte externa da casa, próximo da estrutura metálica, foi levado em meio ao incêndio para a casa de um vizinho.
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O trabalho dos bombeiros seguiu durante a noite. Primeiro de combate ao incêndio e após o rescaldo para evitar novos focos. Das janelas, os vizinhos torciam para que a família que ali morava tivesse saído antes do incêndio. A rua larga foi tomada por uma multidão que também se juntou na torcida por um resgate.
Com o avanço da noite, os socorristas tiveram que usar lanternas para continuar os trabalhos. Foi neste momento que encontraram os corpos dos familiares. Os três estavam no que era a cozinha da casa de cinco cômodos. A Polícia Científica, antigo Instituto Geral de Perícias (IGP), foi acionada para a remoção dos corpos.
A cena não saiu da cabeça dos vizinhos, que relatam o ambiente de comoção no entorno da comunidade. Enquanto acompanhavam o trabalho de perícia da Defesa Civil na manhã desta quarta-feira (12), um grupo lembrava o terror das imagens que viram durante a noite e madrugada.
— Ninguém conseguiu dormir — disse uma mulher aos vizinhos que em sequência relataram o que estavam fazendo na hora em que o fogo começou.
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Um correu para rua e se juntou aos que tentavam derrubar o portão. O outro pegou o carro e foi até o posto da Polícia Rodoviária pedir ajuda. Uma senhora que não quis se identificar relatou à reportagem que havia brincado com as crianças naquela manhã.
— É só fechar o olho que me vem na cabeça a imagem deles saindo daqui naquele carro [do IGP] — falou.
As marcas do incêndio podem ser vistas também nas duas casas ao lado. Na residência onde Igor mora com a família, uma parede rosa ficou preta. Já o imóvel à direita, teve parte do telhado atingido. O morador passou a manhã removendo as cinzas que também invadiram o quintal.
Família morava no local há dois anos
Na casa viviam cinco pessoas. O imóvel era alugado e, segundo os donos, passou por reforma antes da entrada dos inquilinos.
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No tempo que morou ali, a família enfrentou outra perda. A mãe morreu há um ano e desde então o pai cuidava sozinho dos filhos.
— Eu fiquei mais triste com a morte das crianças e dele. Não por causa dos materiais. Eu estava só rezando para que não tivesse ninguém dentro — afirmou Márcio Luiz Pedrozo, 60 anos, proprietário da casa.
Do imóvel, restou apenas a escada da entrada e uma espécie de edícula de alvenaria que ficava nos fundos. Brinquedos, fotos, roupas e até um segundo cachorro da família foram consumidos pelas chamas.

Caso é investigado pela Polícia Civil
A Polícia Civil investiga o incêndio. Um inquérito foi instaurado na manhã desta quarta para apurar as causas do fogo e se a ação foi criminosa. Laudos do Corpo de Bombeiros são esperados para ajudar nas investigações. O caso ficará a cargo da Delegacia do Continente.
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A Defesa Civil interditou o imóvel nesta quarta. Após avaliação a estrutura foi considerada condenada. Os donos da casa serão notificados.
Os corpos não tinham sido liberados do Instituto Médico Legal até a manhã desta quarta. Assim, não foram divulgadas informações sobre o velório das vítimas.
Veja fotos do incêndio
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