Nos últimos dois meses, pelo menos três moradores da rua Cecília Planinscheck Marquardt, no Rau, perderam animais de estimação de forma misteriosa. O caso mais recente foi o da dálmata Dori, de quatro anos, que morreu na quarta-feira, enquanto os donos se preparavam para almoçar.
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A costureira Andrea Felipe Machado da Silva, 39 anos, dona da cachorra, conta que Dori costumava ficar presa numa corrente, no terreno de casa, durante praticamente todo o dia. A exceção acontecia pela manhã, quando a cachorra era solta para dar uma volta perto de casa.
Na quarta-feira, após o costumeiro passeio, Dori voltou passando mal e morreu no quintal de casa, após agonizar por cerca de 15 minutos.
– Ela espumava pela boca e vomitava. Ficou se debatendo e logo depois morreu – conta Andreia.
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O marido, José Antônio da Silva, encontrou um pedaço de linguiça no vômito da cachorra. Como a família só alimentava Dori com ração, ele suspeita que embutido estava envenenado.
O motorista registrou no mesmo dia um boletim de ocorrência na Delegacia da Comarca para tentar identificar o responsável pelo crime. Todo o sofrimento do cão foi gravado pelo filho do casal com uma câmera de celular.
– Fiquei indignado com essa crueldade e espero que quem fez isso seja punido – lamenta.
Este não foi o primeiro animal de estimação que a família Silva perde em circunstâncias estranhas. Há cerca de dois meses, a gata Mima, de dois anos foi encontrada morta nos fundos de casa. Mês passado, a vítima foi o vira-lata Pilica. O cão de quatro anos foi encontrado morto na frente da residência da família.
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A costureira Cleuza dos Santos Formonte, 49 anos, mora ao lado dos Silva e tem uma história muito parecida. Perto do Natal, o cachorro dela pulou o muro de casa e foi encontrado morto no terreno de um vizinho, que também havia perdido um cão de maneira semelhante dias antes.
– O meu cachorro sempre ficava amarrado. Mas naquela semana eu perdi a coleira dele e ele ficou uns dois dias solto dentro do meu pátio. Depois de comprar uma coleira nova, vi que ele não estava em casa e fui procurar. O vizinho falou que tinha enterrado um pinscher morto, e era o meu – relembra.
A família Silva mora nos fundos de um terreno, que não tem cerca ou portão, e tem mais três cães. A costureira afirma que, apesar de os animais permanecerem soltos durante alguns minutos do dia, nenhum vizinho fez qualquer reclamação.
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– Eles nunca atacaram e nunca sujaram o terreno de ninguém. Ficavam na frente da nossa casa e sempre voltavam depois de uns 15 minutos. Não conseguimos entender porque fizeram isso – lamentou Andrea.
O marido disse que vai comprar um portão assim que sobrar algum dinheiro, para evitar que os animais saiam do terreno.
– Nossos dois filhos estão muito tristes e não sei se vamos pegar mais algum animal depois disso – disse José. ?
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Ajapra recebe dez denúncias de maus-tratos por mês ?
O problema enfrentado pela família Lima e os vizinhos infelizmente não é um caso isolado. Só a Associação Jaraguaense de Proteção aos Animais (Ajapra) recebe mais de dez denúncias por mês de maus-tratos contra animais, geralmente sobre animais largados, que não recebem comida ou envenenados.
Os animais recolhidos pela Ajapra ficam em lares temporários até que eles sejam adotados. A equipe também visita as casas para ver as situações dos animais e aciona a polícia caso sejam constatados maus-tratos. De acordo com o delegado Adriano Spolaor, o boletim de ocorrência entra na lei 9.605 de crimes ambientais.
A pena para o crime de maus-tratos contra animais é de até um ano de detenção e pode ser substituído por prestação de serviços comunitários e cesta básica. No entanto, a punição aumenta de um terço a um sexto em caso de morte. Spolaor também esclarece que deixar o bicho de estimação solto pela rua não é contra a lei, mas se o animal colocar em risco a segurança alheia – atacando alguém, por exemplo – o dono responde pela contravenção penal.
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A orientação do veterinário do setor de zoonoses da Prefeitura de Jaraguá do Sul, José Edson Rodrigues, é de que os bichos de estimação sejam mantidos sempre dentro do cercado, para evitar que eles sejam vítimas de maus-tratos.
– É uma proteção a mais ao animal – comenta.
Segundo ele, o setor de zoonoses não recebe denúncias de morte de animais porque o caso é investigado diretamente pela Polícia Civil. O setor de zoonoses trabalha no recolhimento de animais de rua, mas a prioridade é dada para os que estão feridos ou que ofereçam risco à população.
Denúncias podem ser feitas pelo telefone (47) 2106-8308. O setor de zoonoses funciona das 7h30 às 12h e das 13h às 16h30.
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