Moradores têm se organizado em grupos para driblar a insegurança das ruas. A ideia é um cuidar do outro na prevenção e em situações de violência. Eles não se consideram justiceiros, mas cidadãos dispostos a contribuir com o trabalho da polícia ou cansados de esperar pelo Estado, algumas vezes ausente.

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Um exemplo ocorre em Joinville. Ficar de olho em tudo o que acontece na casa dos vizinhos, pelo menos na região do loteamento Rio Lindo, deixou de ser sinal de intromissão e virou motivo de segurança para moradores do distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de cidade.

A preocupação com a vida dos outros tem explicação: praticamente todos os moradores das cinco ruas do loteamento estão cadastrados no programa Televizinho, instituído no local pela Polícia Militar dezembro em 2010. Cada casa inscrita recebeu uma placa que identifica o projeto. Não à toa, elas lembram as sinalizações das casas com alarme eletrônico.

– É como se fosse um alarme. Sempre que a gente percebe alguma coisa errada, seja na rua ou em algum quintal vizinho, pegamos o telefone e chamamos a polícia -, diz o comerciante Gercino Meira da Cruz, 64 anos, morador do loteamento.

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A tática, diz Gercino, já deu certo “uma porção” de vezes.

– Dia desses um ladrão tentou entrar pelo buraco de um ar-condicionado numa casa aqui perto. Um morador viu e chamou a Polícia Militar. O bandido acabou preso -, conta o morador.

MURAL: Você acha que grupos como Televizinho e Vizinhos Solidários são boa opção para segurança da sua rua?

A lista de contatos das casas próximas cabe numa só folha de papel. Gercino e a esposa, Ana Maria da Cruz, 61 anos, deixam os números anotados debaixo do telefone. Uma vantagem de contar com o programa em uma região tão pequena, dizem, é que todos os moradores se conhecem.

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– Quando aparece algum estranho, a gente já sabe -, destaca Ana Maria. Em Joinville, o programa se repete também em regiões do bairro Floresta, na zona Sul.

A avaliação do comando da Polícia Militar é de que seria difícil a expansão do programa por toda a cidade porque a iniciativa depende do envolvimento direto das comunidades. Até mesmo os Conselhos de Segurança, que são divididos por bairros, não contam com 100% de representatividade.