Jemima Pompeu
Autora e editora de um acervo online que disponibiliza informações, notícias, artigos, curiosidades e depoimentos, com atualização diária sobre gêmeos, moradora de São Paulo
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Resolvi escrever para a seção O Passado Valeu a Pena depois de ler a história Aos meus gêmeos, com carinho (21/7) . Em 9 de abril de 1969, mamãe foi surpreendida pelo médico na sala de parto. Sem esforço eu nasci e mamãe relaxou aliviada. Mas o médico avisou: “Dona, não descansa não porque tem mais um aí dentro!” Assim ela soube que esperava gêmeas, típico para uma época que nem ultrassom existia.
Após ter compartilhado o útero, eu e minha irmã Kesia dividimos também os brinquedos, o quintal, o balanço pendurado no pé de jambo, o berço, a atenção de mamãe, o colo de papai etc. Apesar de termos sofrido as inevitáveis comparações, tivemos uma infância divertida. Deus nos abençoou com a singularidade. Somos dois indivíduos com personalidades distintas. Cada qual com seus defeitos, virtudes, sonhos e escolhas.
Na infância, brincávamos e brigávamos com a mesma frequência. Eu não gostava de me vestir igual a minha irmã, mas mamãe gostava de costurar roupinhas idênticas para suas gêmeas não idênticas – sinto saudade do barulho da máquina.
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Mamãe não amou todos os filhos da mesma maneira. Para cada filho, ela reservou um amor exclusivo, intenso e essencialmente verdadeiro. Não sei como ela conseguiu isso
Aos 16 anos minha irmã quis estudar no exterior e eu escolhi ficar no Brasil. Não sabia que este rompimento me afetaria. Em princípio passei a usufruir os benefícios de ser filha caçula, mas com o passar do tempo assumi que não sabia lidar com a ausência dela e busquei ajuda na terapia. Com a maturidade pude compreender meus sentimentos e me tornei entusiasta do universo gemelar. A experiência de ser gêmea é sublime.