O novo presidente do Peru, Martín Vizcarra, implementou formalmente seu governo nesta segunda-feira (2) com a nomeação de seu primeiro gabinete ministerial, liderado pelo congressista César Villanueva, que deverá manter o modelo econômico neoliberal e a política externa de seu antecessor, Pedro Pablo Kuczynski.

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Vizcarra, que era vice-presidente até 23 de março, deu posse a todo o gabinete, formado por 19 ministros, em uma cerimônia na casa de Pizarro, a sede do Executivo.

Com o ato, o presidente Vizcarra encerra, pelo menos por enquanto, a crise política que começou em dezembro, quando o Congresso, controlado pela oposição, fracassou em sua tentativa de destituir Kuczynski da presidência.

“Esta é uma equipe que me acompanhará na tarefa de levar desenvolvimento e bem-estar aos peruanos de todas as regiões do país”, tuitou Vizcarra logo após a posse de seu gabinete, que durou 40 minutos.

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O legislador Villanueva, do partido Aliança para o Progresso (direita moderada), assumiu a presidência do Conselho de Ministros, em substituição a Mercedes Aráoz, congressista do partido governista Peruanos Pela Mudança (direita), de Kuczynski.

Villanueva, administrador de empresas de 71 anos, foi presidente do Conselho de Ministros entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014 do mandatário Ollanta Humala (nacionalista, centro-esquerda). Além disso, foi impulsionador do pedido de destituição contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski, que levou à sua renúncia em 21 de março.

O ministério da Economia e das Finanças ficou com economista David Tuesta, um funcionário da Corporação Andina de Fomento (CAF), onde é diretor corporativo de Assuntos Estratégicos.

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A chancelaria peruana será dirigida pelo embaixador Néstor Popilizio, um diplomata de carreira que foi vice-chanceler nos últimos anos, indicou Villanueva.

O ministério de Justiça será liderado pelo advogado Salvador Heresi, um congressista da situação que havia apoiado o polêmico indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori e pedido a renúncia de Kuczynski semanas atrás.

Cinco mulheres estão entre os 19 ministros do gabinete, nas pastas de Saúde, Cultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento e Inclusão Social e Mulher.

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Existe consenso de que não haverá grande diferença na economia com Kuczynski, ex-banqueiro de Wall Street de 79 anos, assim como também não se vislumbram novidades na política externa, que se caracterizou por uma defesa do sistema multilateral, críticas ao protecionismo comercial de Donald Trump e uma ativa oposição ao regime chavista da Venezuela.

– Construindo pontes –

O primeiro-ministro, conhecido no Peru como Presidente do Conselho de ministros, deu nesta segunda-feira algumas ideias do que será sua gestão em vários tuítes.

“Este será um governo de todos os peruanos. Todos devemos somar. Todos temos capacidade de aportar”, escreveu Villanueva em sua conta do Twitter.

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Ele ressaltou, ainda, que “seremos um governo que fala, dialoga e escuta. Estaremos com o povo, não nos escritórios”.

“Não haverá grandes mudanças, nem sobressaltos, o que vai mudar é quem acompanha: no caso de Kuczynski eram seus amigos em gabinete tecnocrático empresarial”, disse à AFP o analista político Juan de la Puente.

Vizcarra “não é um homem de bancos, nem de empresas, é um engenheiro de origem regional substancialmente distinto de Kuczynski. Essa diferença o permitirá construir um governo mais plebeu no sentido social”, ressaltou De la Puente.

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A grande incógnita nos próximos dias será a reação da Força Popular, o poderoso partido populista de direita liderado por Keiko Fujimori e que é maioria no Congresso.

A posse encerra o breve parênteses aberto com a renúncia de Kuczynski no dia 21 de março, em decorrência do escândalo dos negócios de suas empresas com a empreiteira Odebrecht e a divulgação de vídeos comprometedores de supostas trocas de favores políticos por votos no Congresso.

Durante as duas últimas semanas, Vizcarra dirigiu o governo com o apoio do gabinete de Aráoz, que continuará como vice-presidente do Peru.

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Vizcarra, de 55 anos e sem filiação partidária, ex-embaixador no Canadá e ex-governador da região sul de Moquegua, deverá governar 40 meses para completar o mandato de Kuczynski, que vai até julho de 2021.

* AFP