Após dois meses de participação no reality The Ultimate Fighter Brasil 3, o lutador Vitor Miranda, 35, está próximo de realizar seu grande sonho: chegar ao Ultimate Fighting Championship (UFC). Às vésperas da luta contra Antonio Carlos, o Cara de Sapato, o joinvilense falou sobre o ambiente no qual conviveu desde março.
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Na conversa, contou como trabalhou ao lado do técnico Chael Sonnen e como se sente, no melhor momento de sua carreira. Vitor ainda relembrou da morte do filho Igor, nos Estados Unidos, e comentou como é estar longe de casa na busca para entrar para a companhia de Dana White.
A um passo do UFC
– Vivo um momento muito especial na minha carreira. Sempre tive um relativo sucesso no esporte, mas nunca escondi de ninguém que meu sonho é entrar para o UFC. Estar na final do TUF Brasil 3 coroa todo meu esforço e dedicação ao longo destes anos. No entanto, é bom ter o pé no chão, pois tenho uma luta duríssima pela frente contra um grande adversário.
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Distância de casa
– Sou bem apegado a minha família, aos meus amigos. Nasci e cresci em Joinville, todos os domingos gostava de ir almoçar na casa da avó com meus familiares. Tinha certo sucesso como atleta de kick boxing quando morava em Joinville. Apesar de não ter nem 10% da infraestrutura que tinham os holandeses e os europeus, fui muito bem. Em 2010, decidi me aperfeiçoar nas artes marciais mistas, o MMA. Aí surgiu a necessidade de abandonar a cidade e buscar material humano mais qualificado, com melhores condições de treinamento. Fui para o Rio de Janeiro, a Meca do MMA, depois Estados Unidos e retornei ao Brasil.
Morte do filho
– Estava havia três meses lá quando meu filho morreu. O Igor caiu em uma piscina e, afogado, acabou falecendo. Foi um baque muito grande. Um momento de trevas, escuridão. Nada parecia fazer sentido, estava muito triste. Confesso que cheguei a cogitar largar o esporte. Até mesmo porque, logo em seguida, a equipe que me patrocinava se desfez e eu mal tinha como me manter lá.
Volta por cima
– O episódio me fez refletir, pensar sobre a continuidade da carreira. Foi então que eu e a minha esposa Paula nos unimos muito para superar a dificuldade. Eu mentalizei que esta era minha vida. Tinha nascido para ser lutador e precisava seguir adiante. Como meu visto nos Estados Unidos tinha vencido, voltei para o Brasil com o objetivo de renovar e voltar para lá com toda a minha força. Já de volta ao País, me encontrei com o Rodrigo Minotauro. Em 2012, ele me fez uma proposta para treinar na Team Nogueira e ficar no Rio. Desde então, cresci, evoluí e me tornei um atleta completo. Depois que entrei para a Team Nogueira, das oito lutas que disputei no MMA, não perdi nenhuma.
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O TUF 3
– Já tinha participado como um dos treinadores do Rodrigo Minotauro no TUF 2. Participei da seleção, que reúne testes físicos, entrevista e uma série de coisas. Eles acreditaram que eu tinha o perfil para estar no programa e tive a chance de participar da seletiva. Fiz uma luta muito boa com o Blindado (Bruno Silva) e entrei. No entanto, não entrei com o intuito de apenas participar, entrei para ser o campeão. Sabia das minhas possibilidades e me sentia muito bem preparado para a competição. Mantive o foco e consegui chegar à final. Não foi fácil, especialmente por ter de lutar contra dois grandes amigos (Montanha e Ricky Monstro).
Chael Sonnen
– Nos dois meses que passei na casa, pude observar que ele é um cara sensacional. Que se porta como um amigo e sabe motivar os atletas que lidera. Muita gente que não conhece o lado pessoal dele, vê só a figura do lutador, pensa que ele é uma pessoa ruim, que gosta de ofender os outros. No entanto, é um personagem que ele criou. O Sonnen é muito inteligente. Ele usa esta estratégia para abalar o lado psicológico de seus oponentes. Foi assim que ele construiu seu nome no UFC. O admiro como orador e procurei aproveitar o tempo que estive na casa para aprender com ele. Sempre procurei observar como as grandes feras do meu esporte se portam para aprender e evoluir.