Por Viviana Bevilacqua *

As crianças adoram ir à praia, mas Maria e João, que moram no Centro de Florianópolis, nem sempre estão dispostos a sair de casa, enfrentar trânsito, encontrar lugar para estacionar e depois ter que fazer todo o caminho de volta. Praia é bom, mas cansa, vive dizendo a Maria. O problema é que os pequenos precisam de distração. Ficar em casa fazendo o quê, neste calorão? Mas definitivamente pegar o carro e ir até o mar estava fora dos planos, pelo menos naquele dia. Mal as crianças acordaram e Maria já propôs:

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– Que tal um programa diferente hoje?

João foi o único que gostou, assim, de cara. Também queria mudar um pouco a rotina de casa/praia/casa. Mas com a promessa de passarem um dia bem legal, as crianças aceitaram. Primeiro, foram todos para a cozinha preparar o café da manhã. Pela primeira vez Maria deixou a filha, de seis anos, preparar bolinhos e colocá-los na maquininha de cupcake. Enquanto isso, o filho, um ano mais novo, ajudava o pai a preparar o suco e arrumar a mesa. Os pequenos vibraram com a experiência. Nunca antes tinham tido a oportunidade de fazer algo na cozinha que não fosse sentar e comer.

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Depois, a mãe abriu o enorme e antigo baú de madeira onde ficavam guardados os brinquedos que as crianças quase não usavam mais. Encontraram coisas interessantíssimas. Fantoches, por exemplo. Como as crianças nunca tinham com quem brincar, não achavam graça naqueles bonecos de pano. Mas agora seria diferente: Maria e João prepararam uma pecinha de teatro e apresentaram aos filhos, que batiam palmas e pediam mais, encantados. Depois, criaram outra história, todos juntos. Na sequência, vieram os jogos de tabuleiro, o pula-pirata, o tapa certo, o pega-varetas, o mico preto, o jogo da memória… As horas passavam e ninguém percebia, de tão entretidos que estavam. Dava para ouvir a risada das crianças de longe.

À tarde, depois da soneca, o pai assumiu a tarefa de ensinar o filho a fazer pipas – exatamente como o pai de João o havia ensinado. Enquanto isso, Maria e a filha arrumavam a cesta de piquenique. Este seria o ponto mais alto do dia em família: iriam para o parque, assim que o sol baixasse um pouco, com tudo o que tinham direito: cesta cheia de delícias, toalha xadrez vermelha e branca, bicicletas, patins e a pipa novinha, recém-feita. Ficaram no parque até tarde. Já estava escuro – uma noite linda e estrelada – quando voltaram para casa. Antes de dormir, na hora do beijo de boa noite, os pais tiveram que prometer que haveriam outros dias como aquele nas férias.

Sem praia, mas com muita diversão em família, sempre um belo programa.

* O professor universitário Clóvis Reis volta a este espaço no dia 28 de janeiro