Carla Bruni, a poderosa primeira dama francesa, disse, dia desses, em uma entrevista a um canal de TV, que não é porque casou com o presidente da França que teria que mudar a sua personalidade, e começar a gostar das mesmas coisas que ele. Claro que ela sabe que, no cargo que ocupa hoje, precisa fazer algumas concessões e seguir etiquetas básicas. Afinal, o casal Bruni-Sarkozy atrai os holofotes e olhares do mundo inteiro. Isso não significa, porém, que ela precise se anular como mulher – ou, mais ainda – como ser humano.
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Bruni já foi modelo e segue, agora, a profissão de cantora. Durante o mandato do marido, com certeza diminuiu muito sua agenda de shows e gravações de CD, até porque as prioridades são outras. Ela tem se empenhado para cumprir bem o seu papel de primeira-dama, com tudo de bom e de ruim que a função acarreta. Mas o que admiro nela é a personalidade forte.
– Por que eu teria que mudar, ser alguém que eu não sou, só porque casei com um homem que, temporariamente, é o presidente do meu país? – Ela perguntou a um repórter, que a havia indagado se ela ainda gostava de cantar.
E a pergunta dela é bem pertinaz.
Vejo muito, por aí, mulher tentando parecer o que não é para agradar a namorado, ou vice-versa. Na ânsia de ser aceito e não desagradar o outro, as próprias vontades ficam esquecidas, e a personalidade vai parar no fundo do baú.
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Martina, uma amiga, cresceu ouvindo rock na casa dos pais. Tinha inclusive uma coleção de discos de vinil de bandas dos anos 70 e 80 que não emprestava para ninguém. Conheceu um carinha que era pagodeiro. Apaixonou-se. Alguns dias depois, ela chega e comenta:
– Se ele te perguntar, diz que eu sempre gostei de pagode e que vivo em rodinhas de samba.
Que mudança…
Régis sempre fez troça de livros de auto-ajuda.
– Quanto lixo! Como alguém pode ler isso? – comentava.
Até o dia em que conheceu Carlinha numa festa. Conversa pra lá, conversa pra cá, descobriu que ela gostava muito de ler.
– Puxa, que legal. Mais uma coisa em comum entre nós dois. Que gênero você gosta?
– Amo o Paulo Coelho e a Zíbia Gasparetto!
Dias depois, encontro o Régis com um livro do Paulo Coelho embaixo do braço.
O amor faz cada coisa…
Essas “adaptações” ao outro até podem dar certo por um tempo, mas ninguém consegue ser o que não é pela vida inteira. Vai chegar um dia em que as diferenças aparecerão. Aí é que o bicho pega. Se a relação tiver sido construída em cima de mentiras, é bem provável que não tenha futuro.