Essa aconteceu com uma amiga. Prefiro não dar nome aos bois porque ela tem vergonha até de lembrar. Mas que a cena foi hilária, isso foi. Estávamos em uma rua movimentada, fazendo nossas compras de Natal, eu e ela. Olhávamos vitrinas, nos queixávamos dos preços que inflacionam nesta época de festas e nos divertíamos pensando no que dar de presente.
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Tínhamos o costume de andar sempre de braços dados, não sei porque, mas sempre foi assim.
Lá pelas tantas, uma vitrina com umas roupas provocantes chamou nossa atenção. Era uma sex-shop. Não entramos, mas ficamos admirando as novidades, através do vidro, e dando risadas imaginando o que nossos maridos iriam pensar se chegássemos em casa com uma fantasia de coelhinha, diabinha, enfermeira ou alguma coisa do gênero.
Um menino que vendia balas me pediu uns trocadinhos, e eu parei para separar umas moedinhas. Minha amiga não viu, continuou caminhando e falando sobre fantasias eróticas, mas não virou o rosto para ver se era eu mesma que estava ao seu lado. Sem perceber, ela engatou seu braço no de um homem que também estava de casaco preto e saiu falando:
– Já me imaginou vestida de diabinha, com uma calcinha de pompom, duas guampinhas, meia arrastão vermelha e sutiã meia-taça?
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– O homem, um pouco constrangido, mas divertindo-se com a situação, respondeu:
– Começo a imaginar agora. Acho que ficaria uma gracinha….
Quando ela ouviu aquela voz grave virou o rosto ficou branca, ao constatar que não era eu que estava ao seu lado, mas sim um ilustre desconhecido. Ela não sabia se ria ou chorava, de vergonha. Mas não perdeu a compostura e respondeu:
– Uma gracinha sim, mas não para o teu bico.
E veio furiosa em minha direção, que, parada na esquina, tentava imaginar onde a louca da minha amiga havia se metido.
– Nunca mais faça isto comigo! – gritou ela, como se eu tivesse culpa de ela ser tão distraída.
Micos
Ela sempre foi distraída ao extremo. Por conta disto, é campeã em “pagar micos”.
Dia desses, foi ao shopping. Não queria deixar para comprar os presentes de Natal nos últimos dias, para fugir das aglomerações e das prateleiras vazias, comuns nesta época.
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Chegou lá assim que o shopping abriu. Uma maravilha: ar condicionado ligado (o que é muito importante nesta época de calor). Lojas ainda vazias, vendedoras simpáticas, e começou sua romaria: o perfume para o marido, o vestido para a filha, a camisa do genro, os brinquedos para os netos, o sabonete para a vizinha, o CD pedido pelo amigo secreto no trabalho. Em menos de duas horas estava tudo comprado.
Decidiu aproveitar a folga semanal e, já que estava no shopping, para ir ao cinema. Saiu do shopping às cinco da tarde. Pegou um ônibus até sua casa, onde chegou cheia de pacotes.
O filho mais novo pediu uma carona até a casa de um amigo.
– Claro, posso te levar sim – disse minha amiga, com a alma leve. Foi até a garagem do prédio e…cadê o carro?
Ficou desesperada.
– Roubaram meu carro! – Gritou, enquanto chamava o síndico, a zeladora e quem mais escutasse seus gritos. Até a polícia foi chamada. Lá pelas tantas, a empregada pergunta:
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– Eu vi a senhora saindo de carro hoje cedo. Onde a senhora estacionou?
Como se tivesse levado um soco no estômago, minha amiga parou de reclamar e lembrou. Havia ido de carro para o shopping. Esqueceu ele lá. Morta de vergonha dos vizinhos, pediu uma carona e foi buscar o coitado de carrinho. Ela nem reclamou da fortuna que teve que pagar de estacionamento…