Diálogo travado entre duas mulheres no ponto de ônibus.

– Tenho tanta coisa para fazer hoje que não sei nem por onde começar – dizia uma, olhando aflita para o relógio, torcendo para que o coletivo chegasse logo.

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– E eu então! – replicava a outra. – Quando sair do trabalho ainda terei que ir à reunião na escola das crianças e ao supermercado, antes de voltar para casa. Não sei como vou conseguir tempo para tudo…

A verdade é essa: estamos sempre em busca de mais tempo. De olho no relógio, atravessamos a vida. O tempo – ou a falta dele – nos consome. Quanta coisa fica para depois, para a semana que vem, para as férias. Ah, a aposentadoria! Aí sim, seremos felizes! E teremos tempo para tudo! Será? Melhor não confiar no futuro e tratar de ser feliz agora, em meio à agitação e à correria do dia-a-dia.

Mas e o danado do tempo? Como conciliar tanta coisa em míseras 24 horas? Este é um desafio para todas as mulheres que trabalham fora e ainda têm uma série de pequenos compromissos ao longo do dia.

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Enchemos agendas, fizemos listas de prioridades e elegemos o relógio de pulso nosso companheiro inseparável. De manhã, de olho nos ponteiros, planejamos como será o dia, que quase sempre teima em acabar antes de nossas tarefas chegarem ao fim. Fazer o que? Uma nova lista, com novas prioridades, para o dia seguinte.

Manter o bom humor é imprescindível. Tanto quanto reservar, por mais apertada que esteja a agenda, pelo menos uns minutinhos, a cada dia, para algo que realmente nos dê prazer. Pode ser uma caminhada no parque, uma boa música, um filme no vídeo, um banho de banheira, um jantar a dois, um joguinho de dominó com as crianças.

Somos mulheres de uma geração que vive correndo atrás de seus minutos, procurando fórmulas mágicas para esticar o tempo. Quem já não prometeu a si mesma acordar mais cedo e voltar a fazer ginástica ou yoga para começar o dia mais zen? Fazer um curso de línguas na hora do almoço, para não perder tempo?

A realidade é uma só: por mais organizadas que sejamos, o dia continuará tendo apenas 24 horas. Então, não adianta reclamar nem se sentir culpada por não poder fazer tudo o que gostaria – ou deveria. A vida agitada e corrida é ruim? Sim e não. A falta de tempo nos enche de culpa, nos afasta do convívio com os amigos e familiares, da boa leitura, de um belo filme que não conseguimos assistir no cinema.

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Por outro lado, esta mesma vida atribulada, com mil coisas para fazer, novos desafios a cada dia, viagens, compromissos, imprevistos que alteram completamente a rotina, são fascinantes. Se a falta de tempo nos dá úlcera, o dia-a-dia agitado nos enche de vida. Cansadas? Às vezes estamos sim. Mas sempre dispostas a tocar para frente, encarando sem medo o que a vida nos reserva.