Criança perdida na praia é uma das coisas mais agoniantes que pode existir. Lembro que quando meus filhos eram pequenos eu chegava a ter pesadelos com isso. Quando íamos à praia não desgrudávamos os olhos deles um segundo sequer. Pelo menos um adulto ficava sempre perto dos pequenos, porque num segundo eles estão ali, pertinho, e, no outro, já sumiram da vista. Quando a praia está cheia, então, é um tormento. Me diziam que eu era preocupada demais, mas só de pensar em não enxergar o meu filho no meio daquela multidão, sem saber se foi para a água, se alguém raptou ou se ele simplesmente foi sentar à sombra de um guarda-sol de alguma criança que estava por perto, já fazia o meu coração saltar pela boca.
Continua depois da publicidade
Não sei como podem existir pais tão descansados. Mas eles existem. Esta semana mesmo fiquei observando um casal na praia, cujas crianças pequenas faziam um castelinho na areia, bem pertinho deles. Só que a menina, de uns quatro anos no máximo, toda hora ia até o mar pegar água com o baldinho. A mãe e o pai continuavam lendo seus livros ou conversando entre si. Uma hora eu notei que a menina se distanciou, e em vez de voltar para nossa direção foi caminhando para o lado, acho que procurando a família, sem encontrar.
Eu já estava ficando aflita, e os pais nem percebendo nada. Lá pelas tantas eu chamei a atenção deles.
– Olha, a guriazinha de vocês está indo lá pro outro lado -, e apontei, mostrando onde ela estava. O pai saiu correndo para pegá-la e voltou xingando a mãe, que não prestava atenção nos filhos. Ela, por sua vez, disse que ele também se distraiu. Não importava naquele momento de quem era a culpa – na minha opinião, os dois tinham que ficar de olho nas crianças -, mas sim tomar aquele pequeno susto como uma lição. E se eu não estivesse ali? Provavelmente a menina teria continuado caminhando para o lado posto.
Ano passado assisti a uma cena horrível. Uma mãe, apavorada, chamava pelo filho pequeno na praia. Gritava feito louca, corria de um lado para o outro, já ficando histérica. Em poucos minutos, dezenas de pessoas estavam mobilizadas à procura do garoto, até que um guarda-vidas apareceu com a criança no colo, chorando. A mãe primeiro abraçou o filho, claro, e depois quase arrancou a orelha do coitado. Mas será que a culpa era mesmo só dele? Todo o cuidado é pouco quando envolve crianças.
Continua depois da publicidade