Marininha tem só três anos, mas sabe muito bem o que quer. Todas as manhãs, quando a mãe começa a arrumá-la para ir à escola, a menina bate pé. Só quer usar roupas cor-de-rosa. E tudo tem que estar combinando.

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– Estou enjoada desta cor. Esta menina parece que está sempre com a mesma roupa – reclama a mãe.

Ela até tenta comprar roupas diferentes, mas Marininha se recusa a usar.

– Mãe, eu sou menina. E menina só usa rosa – ela argumenta.

– Não sei de onde a Marina tirou essa ideia! – reclama a mãe.

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Não sabe? Eu sei. A verdade é que, se você for a qualquer loja de roupas infantis, verá que mais da metade das peças de roupa dedicada às meninas é cor-de-rosa, ou pelo menos tem pinceladas desta cor. Mas revistas, vitrines e anúncios de televisão, só dá rosa. As crianças já nascem com a certeza de que azul é cor de menino e rosa, de menina. E todas as demais cores do universo ficam relegadas a um segundo plano.

Eu não tenho filhas, só meninos. Eles usaram azul, sim. Mas também tinham roupinhas de todas as cores. O legal era justamente variar. Adorava ver meus bebês bem coloridos e fofinhos. Eles só não usavam rosa. Era a única cor que não tinha no armário dos meninos.

Porque a gente cresce sabendo que rosa é cor de menina. Só que tudo o que é demais cansa. E já não acho mais graça em ver menina de rosa. Ficam todas iguais.

Cor-de-rosa?

– Menino de cor-de-rosa? Isso é coisa de quem não é muito macho – diz João, um pai conservador, que achou ridículo quando o filho adolescente chegou em casa com uma camiseta rosa, que ganhou da namorada.

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– Pois saiba que tem que ser muito homem pra sair de rosa por aí – retrucou o filho.

Esse diálogo aconteceu há alguns anos. Hoje, os meninos (e homens também) desfilam por aí com suas camisetas e camisas cor-de-rosa no maior estilo. As mulheres adoram. Mais um tabu que caiu por terra. Em qualquer loja de roupa jovem, hoje, as camisetas rosas estão entre as mais vendidas entre os homens.

Quem diria! As meninas também ficam lindas de azul. Talvez descubram isso algum dia.

Penélope

Quando eu penso na cor rosa, lembro de como gostava, quando criança, da Penélope Charmosa, uma das personagens do desenho animado Corrida Maluca. Vocês lembram? Ela tinha um carrinho rosa, uma sombrinha rosa, capacete rosa, enfim… Tudo era desta cor. E ela, com seus longos cabelos louros, era realmente um charme, alvo das atenções de todos os homens que participavam da tal corrida. Hoje, Penélope deve ter se transformado em sua senhora, cheia de filhos. Uma cinquentona gordinha, de tailler cor-de-rosa…

Outro desenho que fez parte da minha infância foi a pantera cor-de-rosa. Era engraçadíssima. E acho que ela não seria tão fofa se fosse de qualquer outra cor.

Conscientização

E rosa é a cor escolhida, a nível mundial, para representar a luta pela conscientização das mulheres para a importância da prevenção no combate aos cânceres de mama e de colo de útero.

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Muito antes do rosa virar moda, lá nos anos 1990, o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan Komen for de Cure e distribuído às participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York. Em 1997, aconteceu a primeira edição do Outubro Rosa. Em todo o mundo, monumentos recebem luzes em tons de rosa para simbolizar a campanha contra o câncer. Uma luta que é de todos nós, homens e mulheres, independente de sexo. Assim, rosa virou, também, a cor da vida.