A família do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) descarta a possibilidade de buscar explicações na Justiça para a causa da morte de Ivane Fretta Moreira. A mulher do vice-governador faleceu na última sexta-feira, depois de complicações durante uma lipoaspiração. Ontem, pouco antes do início da missa de sétimo dia que reuniu amigos e familiares na Igreja Santa Catarina de Alexandria, em Florianópolis, Pinho Moreira conversou com o Diário Catarinense. Confira os principais trechos.

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Diário Catarinense – Como o senhor tem passado os últimos dias?

Eduardo Pinho Moreira – Éramos casados havia 37 anos e minha mulher sempre estimulou a convivência e a unidade familiar. Por determinação dela, todas as quartas-feiras todos os filhos, netos, noras, a filha e o namorado da filha nos reuníamos para um almoço. E durante a semana ela ia na casa dos filhos. E no domingo a gente voltava a se reunir.

DC – Duas vezes na semana…

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Pinho Moreira – Ivane era o elo que promovia essa ligação com os filhos, com a família dela, minha família. Não havia data que não houvesse uma comemoração, Dia dos Pais, Dia das Mães, Natal, Ano-Novo. Os filhos e eu estamos muito unidos desde o acontecido e superando as dificuldades. É necessário rememorarmos as coisas boas. Nos reunimos esta semana e abrimos todos os guardados dela, tudo o que a gente sabia que existia e até o que não sabia.

DC – E o que vocês não sabiam que existia?

Pinho Moreira – Todos os cartões dos filhos, os cartões de Dia das Mães, até os meus cartões. Ela era muito organizada. Ela cuidava de todos os negócios da família desde que casamos: administrava a casa, cuidava das contas, fazia as compras, imóveis, negócios da família. Eu cuidava da política, mas ela coordenava tudo. Eu não sabia nem das senhas do banco.

DC – O que o senhor lembra da última sexta-feira? O senhor sabia da lipoaspiração? Pinho Moreira – Ivane era muito bonita, ainda mais para a idade dela. E sempre se cuidou, fazia academia, corria, cuidava da alimentação. Ela tinha programado essa lipo.

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DC – Foi uma lipoescultura?

Pinho Moreira – Não, mas só soube ontem (quarta-feira à noite), quando conversei com os médicos.

DC – Foi depois da viagem a Nova York (EUA) que ela falou da cirurgia?

Pinho Moreira – Sim, até então eu não sabia. Na quinta à noite, olhei para ela e disse: ‘Ivane, não vai fazer essa cirurgia, porque toda cirurgia tem risco.’ E ela: ‘Eduardo, vou ficar mais feliz’. E eu disse: ‘mas vou contigo!’ E ela disse: ‘não, de jeito nenhum, você tá me passando o teu estresse, vou ficar nervosa’. Ela disse que era uma microlipo, com água, e que à tarde estaria em casa. Ela acordou muito cedo, mas a vi sair. Quando estava no gabinete, me ligaram da clínica dizendo que ela seria transferida. Fiquei pálido. Quando cheguei à clínica, os médicos (o cirurgião, o anestesista e o intensivista) me deram as explicações.

DC – O que houve?

Pinho Moreira – O quadro relatado era de bradicardia, diminuição da frequência e oxigenação e midríase fixa bilateral.

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DC – O que é midríase?

Pinho Moreira – É quando a pupila dilata e não reflete a luz. É sinal de grande sofrimento e morte cerebral. Entrei na UTI e fiz a constatação. Foi uma fatalidade. Ela teve uma trombose, chama-se TEP, uma trombo-embolia pulmonar. O oxigênio entrava e o gás carbônico não saía. Foi um processo grave e difícil de ser revertido. Colocamos uma pedra agora nesse assunto.

DC – O senhor disse no início da semana que queria saber a causa da morte.

Pinho Moreira – Queríamos esclarecer as coisas. Não sabíamos o que tinha acontecido. Tanto que, depois que ela faleceu, os médicos do Baía Sul sentaram com a gente e disseram que não tinham um diagnóstico. Mas com todos os exames que o doutor (Roberto) Benedetti nos mostrou ontem (quarta-feira). Ela teve morte cerebral. Tenho 41 anos de medicina, vi casos de melhora surpreendente e também de piora surpreendente. Aconteceu com a minha mulher. Agora, quero reconstruir a vida.

DC – A família pensa em medida judicial?

Pinho Moreira – Não, não pensa, de jeito nenhum, não haverá. O caso definitivamente está encerrado para a família. Vamos colocar uma pedra em cima dessa questão da causa da morte porque nós, médicos, nos convencemos de que não houve mau atendimento nem imperícia.Viver sem ela será muito difícil, mas a família está unida.

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DC – No início chegou a haver dúvida?

Pinho Moreira – Houve dúvidas. Eu mesmo queria esclarecimentos, o que aconteceu ontem à noite. Uma hora e pouco de conversa. Está tudo bem. Agora, vamos reverenciar o que Ivane deixou de bom.

DC – O senhor está preparado para voltar ao trabalho?

Pinho Moreira – Segunda-feira recomeço, tenho reunião do PMDB, quero fazer o planejamento. E também quero organizar com meus filhos a vida familiar.

DC – Como a família viu a comoção em torno da morte dela?

Pinho Moreira –Tenho agradecido a todos pelas palavras generosas, de todas as partes.

DC – O senhor vai manter a rotina de almoços familiares?

Pinho Moreira – Com certeza, os filhos já me disseram. Eles são carinhosos, aprenderam com a mãe.

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