A definição de Larissa Mondardo Bortolotto, 26 anos, sobre ela mesma é simples: 100% natural de Nova Veneza e 100% italiana. Seus antepassados estavam entre os primeiros imigrantes que se instalaram na cidade de pouco mais de 13 mil habitantes. O conjunto de casas de pedras que ergueram em 1891 é ponto turístico do município, que foi uma das últimas colônias de imigração italiana no Brasil. Apaixonada pela região, Larissa auxilia na administração do hotel e restaurante da família e preside a Associação de Turismo da cidade.

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As primeiras casas

A 2,6 quilômetros do centro de Nova Veneza, estão os principais símbolos da colonização italiana na região: três casas de pedra, tombadas como patrimônio histórico nacional. O conjunto foi construído por antepassados de Larissa, em 1891.

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Fabricadas com o que havia de disponível na época, as casas foram feitas em 14 anos, durante o tempo livre dos imigrantes recém- chegados. O conjunto, que inclui a parte da cozinha e despensa, quartos e estrebaria, chegou a ser vendido, porém foi recuperado pela família de Larissa em 1988 e hoje é ponto de visitação.

– O conjunto faz parte do histórico da cidade, aqui a gente consegue saber como foi a vida deles ( imigrantes) – diz, em meio a objetos e móveis utilizados por ao menos três gerações de sua família.

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Laços estreitos

Em uma cidade que chegou a ostentar um índice de 95% da população descendente de italianos, nada mais justo que ter uma embarcação típica veneziana. Com 11 metros de comprimento e 650 quilos, a gôndola foi doada em 2006 por Veneza e é um símbolo da amizade entre as duas cidades. São quatro desse tipo fora do território italiano – e a única da América Latina está no município do Sul de SC.

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A embarcação fica em um lago artificial construído especialmente para isso, Larissa conta sobre o plano de fazer um canal onde seja possível circular com ela. Por enquanto, só dá para fazer fotos, inclusive com um gondoleiro que fica no local. Ao passear pela Praça Humberto Bortoluzzi, onde ela fica, é possível avistar idosos gritando palavras em italiano e jogando mora, jogo típico da região do Vêneto, na Itália.

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Carnaval italiano

A construção de 118 anos que abrigou a primeira capela e a prefeitura de Nova Veneza se transformou no Museu do Imigrante Cônego Miguel Giacca há 24 anos. Ali são expostas ferramentas e objetos utilizados pelos imigrantes italianos. Mas alguns dos principais tesouros abrigados no local estão reservados no segundo andar: os trajes do Carnevale di Venezia. O evento que acontece durante a Festa da Gastronomia Italiana, sempre na segunda quinzena de junho, movimenta a região.

No Carnevale, a cidade onde todos se conhecem se transforma em uma massa de foliões mascarados ao estilo de Veneza. No museu são guardados os trajes volumosos e coloridos produzidos pelos moradores. A partir de maio, os que foram utilizados no ano anterior são disponibilizados para aluguel. Na edição deste ano a cidade recebeu 80 mil visitantes na festa. Na noite típica, Nova Veneza se transforma mais do que nunca num pedaço da Itália em solo catarinense.

Mina de história

Para mostrar um pouco do que é viver no Sul, Larissa levou a equipe a Criciúma para conhecer a mina de visitação Octávio Fontana. Embora o passeio de trenzinho na mina desativada desde 1984 seja curto, apenas 320 metros, visitar o local é conhecer um pouco mais da história da indústria carbonífera da região. Inaugurada em 2011, a mina abrange uma área total de 1,3 hectares. O espaço tem galerias de até 1,6 quilômetro, salões para eventos – que permitem reunir até 50 pessoas – e registros fotográficos do início da atividade na região.

É impossível desassociar o Sul de SC da indústria carbonífera, que foi a base do desenvolvimento socioeconômico regional. Em 2014, no último levantamento do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão de SC, eram 4,1 mil empregos diretos em 10 mineradoras em atividade. A região carbonífera de SC responde por metade da produção de carvão mineral do país e é interligada por Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Müller, Siderópolis e Treviso.

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