“Força” é uma das palavras mais usadas por Mariana Busnardo para descrever a esposa Jeanis Colzani, a carateca de Joinville que morreu no último dia 17 de novembro, após ser diagnosticada com câncer. É essa “força” que a viúva tem buscado ao compartilhar sua rotina com o luto nas redes sociais. Um dos vídeos da jovem soma mais de 8 milhões de visualizações e milhares de comentários, o que Mariana chama de rede de apoio.

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A rotina com o luto pode ser vivida de várias formas. Há quem se recolha em silêncio, que precise apenas de um abraço sem troca de palavras, mas também há aqueles que preferem dividir a dor e falar sobre ela. Esse é o caso de Mariana. 

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A jovem de 27 anos morava com Jeanis quando a carateca descobriu um câncer em estado avançado. Desde lá, Mariana já havia compartilhado em sua rede social o diagnóstico da esposa e como vinha aprendendo a lidar com aquela informação. Em cerca de um mês a doença evoluiu causando a morte da atleta. 

Para quem estava sempre acompanhada em casa, de repente, Mariana se viu sozinha. O celular virou um companheiro e, para tentar ter motivação para fazer outras coisas, ela passou a gravar a si mesma. Nas postagens, Mariana fala sobre como tem se sentido, sobre como precisa vencer a tristeza para dar conta dos afazeres de casa, conta quais eram os sonhos de Jeanis e como tem vivido dia após dia.

— Eu estava em casa sozinha por alguns momentos e era essa forma que eu tentava achar um escape. Eu acabo ficando muito no celular e isso até é ruim porque eu deixo de fazer as coisas porque fico ali naquela procrastinação. Então colocando ele pra gravar eu pego e faço as coisas. Foi mais ou menos o mecanismo que o meu cérebro encontrou porque, agora, estou morando sozinha, porque ela se foi, e então eu lembrei que, quando eu não tô com vontade de fazer nada, quando não tô conseguindo ter ânimo, se eu gravar às vezes pode funcionar — explica.

Os vídeos foram publicados nas redes sociais e somam milhares de comentários, formando uma rede de apoio. Muitas pessoas compartilharam por lá as memórias que tinham com Jeanis. 

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“Ficamos muito chocados com a notícia. Jeanis sempre será lembrada. Uma pessoa especial que sempre foi inspiração para minha filha no Karatê. Um abraço”, comentou Moisés Alano. “Quando comecei a competir, a minha inspiração era ela, olhava vários vídeos dela lutando. Até que em um campeonato brasileiro pude conhecer ela, tiramos uma foto e ganhei um autógrafo! Jeanis era um exemplo, uma pessoa maravilhosa”, publicou Kyanne Alano. 

Ao mesmo tempo que Mariana recebe carinho, falar sobre sua experiência com o luto também tem ajudado outras pessoas a lidarem com o período de dor. As publicações da jovem somam comentários de quem também passou por perdas recentes e que compartilham ali suas histórias.

— Eu acredito que é dessa forma que eu tenho encontrado força e gravar os vídeos me ajuda também. As mensagens que eu tenho recebido são de histórias parecidas com a minha, de pessoas que perderam o cônjuge muito cedo, então eram essas pessoas que eu queria atingir porque eu sabia que gravando e postando alguém ia se identificar. Eu pensei ali em mim, mas eu pensei também que se eu postar talvez alguém se identifique, talvez eu crie uma rede de apoio e isso seja bom, talvez eu receba comentários que são de acalento de carinho e, realmente, eu tenho recebido muito carinho — revela Mariana.

Veja um dos vídeos

Nos vídeos, Mariana também aproveita para se declarar para Jeanis. Em uma das publicações, mostra que os amigos fizeram um café para compartilhar memórias e celebrar a vida da carateca.

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— Ela era uma mulher maravilhosa, muito forte. Ela era atleta de karatê, da seleção brasileira, faixa preta. E nossa, ela tinha uma força, assim, que eu nunca vi em outra pessoa. Era muito determinada, ela tinha muitos sonhos. A gente conseguiu realizar o sonho do estúdio dela, eu montei junto com ela ali. A gente sonhou juntas, eu sonhei junto com ela, então foi um período muito importante — destaca.

Mesmo após a morte de Jeanis, Mariana segue exaltando a atleta, fazendo questão de que sua memória seja celebrada e que, mesmo com sua partida, siga sendo amada e lembrada.

— Eu gostaria que ela fosse lembrada por toda essa força dela, pelo brilho próprio que ela tinha. Ela conquistou muita gente, alcançou muitas pessoas, trouxe qualidade de vida para muitas pessoas e esse sempre foi o propósito dela. […] Ela vai ser lembrada por isso, ela foi uma inspiração no karatê para muita gente e é por isso que a gente quer que ela seja lembrada. Como uma pessoa muito iluminada, uma pessoa muito forte, uma inspiração — afirma Mariana.

Jeanis iniciou no karatê aos 12 anos quando se matriculou em uma escola no bairro Aventureiro. Ela representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2011, no México, e em outras competições mundiais. Além das medalhas e troféus que carregou durante a vida, foi também responsável por inspirar milhares de novas caratecas pelo país.

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