A vitória do governo no Supremo Tribunal Federal representa um fôlego e tanto para a presidente Dilma no final de ano, mas está longe, muito longe de ser o túmulo do impeachment. Tem razão o ministro Gilmar Mendes quando alerta que “ninguém será salvo pelo Judiciário”.
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— Se não tiver base parlamentar, não se salva do impeachment — disse Mendes em seu voto, destacando quase o óbvio.
Por isso é que a decisão da maioria do Supremo, contrariando o relator Edson Fachin, é tão importante para o governo. Com a nova chance para a escolha da comissão especial da Câmara, que vai analisar se o impedimento tem ou não fundamento, o Planalto ganhou uma segunda chance para fazer o que nunca soube: articulação política. A tal maioria na Câmara é uma farsa. Mas a retomada da liderança da bancada do PMDB por Leonardo Picciani (RJ) servirá ao Planalto. Os líderes é que mais uma vez indicarão os integrantes da comissão.
A grande dúvida, no entanto, será quanto aos ânimos das ruas lá em fevereiro ou março. Se o barco continuar sem rumo como agora, com inflação, juros e desemprego em alta, é grande a chance de pressão em cima dos deputados pela aprovação do impeachment no plenário da Câmara. É aí que o STF assegurou um bônus. Seguindo a tese da Advocacia-Geral da União, os ministros concordaram que o Senado tem o poder de derrubar a decisão da Câmara. Este era o principal ponto do julgamento para o Planalto.
Se o impeachment for aprovado pela Câmara, o destino de Dilma passará a depender de Renan Calheiros (PMDB-AL). E o presidente do Senado está de braços abertos. No radar da Lava-Jato, ele se aproxima da presidente. O governo fecha 2015 com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o orçamento de 2016 aprovados.
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O resultado no STF foi positivo. Os governistas têm motivos para comemorar porque ganharam instrumentos para barrar o impeachment, mas cautela nunca é demais. A corda continuará por meses no pescoço de Dilma.
REI MORTO
Senadores petistas defendem o nome do ministro Nelson Barbosa (Planejamento) para assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy. No fundo, esse é o cargo que Barbosa sempre quis.