No meio de dois universos culturais, o samba brasileiro e a milonga uruguaia, fica a antessala de Vitor Ramil. A um passo do que ocorre da janela para fora do casarão em que vive praticamente desde que nasceu, em Pelotas (RS), e do “dentro de si mesmo”, onde mora sua energia imaginativa, musical, literária, ele edificou com paciência e perseverança uma obra sólida e singular. Em seu mais recente trabalho, Foi no Mês que Vem, um disco novo com velhas canções, Ramil é o guia do passeio por essa antessala, uma visita ao seu passado, presente e futuro. Em Florianópolis o passeio será no domingo, no Teatro Ademir Rosa, no CIC, na companhia do violonista Carlos Moscasrdini e do percussionista Marcos Suzano como convidados.
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O álbum duplo com 32 músicas foi lançado no meio do ano passado, simultaneamente com songbook Vitor Ramil, obra com 310 páginas contendo 60 partituras (harmonias, melodias, afinações, tablaturas, diagramas e letras), biografia, análises técnicas e críticas, fotos, manuscritos e discografia. Os trabalhos foram parcialmente bancados por financiamento coletivo.
– Regravei essas músicas em razão do Songbook. Achei que seria interessante para as pessoas que quisessem tocar as partituras do livro. Parti para uma seleção e cheguei em 32 faixas, segundo meu gosto e o das pessoas que me acompanham – explica.
>> Canção Grama Verde, do disco Tambong (2000) está no repertório. Ouça:
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Muitas canções são do começo da carreira, e o músico chegou a pensar com certo tédio em regravá-las. Mas a verdade é que Ramil já não é mais o mesmo, ele e sua arte amadureceram. Daí a sua viagem pelo tempo no próprio título, Foi no Mês que Vem.
– Objetivamente reuni músicas antigas que apontam para o futuro, porque há coisas que você faz e ficam, que contribuem para a solidificação da sua identidade – afirma.
Divagações sobre o tempo
Vitor Ramil, 52 anos, sempre apostou num crescimento longo e paulatino. Nesse ritmo ele segue amadurecendo, e o público, o descobrindo. É um artista que funciona como seu próprio rádio – não aparece na TV e nem toca ostensivamente no rádio.
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Em Foi no Mês que Vem ele celebra o encontro com pessoas com quem tem dialogado artisticamente nos últimos tempos – 17 no total, entre eles Jorge Drexler, Milton Nascimento, Fito Paez e Ney Matogrosso. Um diálogo que se estende para além das fronteiras do Brasil, chegando ao Uruguai e à Argentina, países cujas culturas estão impregnadas na alma do músico e escritor (que o diga Ramilongas – A Estética do Frio, álbum icônico lançado em 1997) e correspondem à sua identidade de chamar atenção para as particularidades do Sul sem estereótipos.
– Nunca me interessei em tocar como os outros milongueiros, tudo foi sempre muito meu. Para ser artista tinha que ser com meu olhar. É natural para mim, inevitável até. Não para ser apenas diferente. Vou trazendo para meu ambiente, que é esse desde a infância.
:: Agende-se
O quê: show de lançamento do disco Foi no Mês que Vem e do songbook Vitor Ramil
Quando: domingo, às 21h
Onde: Teatro Ademir Rosa (Rod. Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: R$ 120 / R$ 60 (meia) / R$ 70 (sócios do Clube do Assinante). Ingressos à venda na bilheteria dos teatros Ademir Rosa, Álvaro de Carvalho e Pedro Ivo, loja Blueticket do Beiramar Shopping e www.blueticket.com.br
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Informações: (48) 3664-2555