Há 22 anos quando Vitor Gomes comprou um terreno em uma rua de chão batido no meio do nada em Santo Antônio de Lisboa ninguém imaginava que seria ali o local onde suas mais ousadas peripécias gastronômicas aconteceriam. Hoje ele surpreende o paladar catarinense no premiado Ponto G Gastronomia. Naquela época, ainda jovem publicitário, também não sonhava ser eleito quatro vezes o melhor chef de Santa Catarina pela Veja Comer e Beber, feito que aconteceu em 2008, 2009, 2010 e agora se repete em 2013.

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– Este foi um dos prêmios mais doces da minha carreira, sinto como se tivesse dado a volta por cima, porque passei por dois anos muito difíceis – diz Gomes.

O fato é que a história deste chef poderia facilmente se tornar um romance cheio de idas, vindas e fortes emoções. Por mais que desconhecesse a gastronomia, o tino apurado já fazia parte do seu DNA desde pequeno. Ao lado de outros dois irmãos, foi motivado pela mãe a ajudar na cozinha e nas tarefas domésticas. Depois largou a publicidade e abriu um boteco no verão de 1989. Em seguida montou uma padaria com o irmão. Até que, em 1991, criou o Emporium Bocaiúva, uma empreitada bem-sucedida que tocou por 13 anos até vender sua parte em 2004.

Foi neste mesmo ano que decidiu mudar o rumo de sua vida. Aos 33 anos Vitor largou tudo para realizar um sonho que o movia fortemente: buscar conhecimento formal no berço da gastronomia, na França.

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– Chutei o pau da barraca, estava cansado, tinha casado e descasado, queria novos ares para minha vida, buscar conhecimentos que não tinha – diz.

Estudou por um ano em um dos mais renomados institutos de culinária do mundo, o Lycée D’ Hôtelier et de Tourisme Saint-Quentin, em Yvelines. Incansável, sempre buscava um restaurante para trabalhar, muitas vezes como voluntário, apenas para absorver o máximo de conteúdo. Ao final do curso, recebeu um convite para trabalhar com ninguém menos que o chef Jacques Le Divellec, um dos expoentes máximos da cozinha de peixes e frutos do mar na França, com o qual cozinhou por um ano.

Ao final desse período, em 2006, era hora de voltar e trazer para Santa Catarina tudo o que tinha explorado, mas não sem antes fazer uma imersão sobre as técnicas e uso dos ingredientes brasileiros com o mestre Alex Atala (D.O.M).

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E o resto é história: em Florianópolis chegou chegando. Com uma bagagem gastronômica inabalável, montou o Café Riso, onde permaneceu até 2010 conquistando três prêmios como melhor chef. Com tanta obstinação pela culinária, deixou de lado a saúde e, após o período no Riso, decidiu se cuidar. Fez duas cirurgias: de redução do estômago (que o fez perder 60kg) e outra no tornozelo.

Em um projeto ousado, inaugurou o Ponto G Gastronomia em 2012 dentro de sua própria casa naquele terreno em Santo Antônio.

– O restaurante tem uma proposta diferenciada e até perigosa: montar um restaurante no meio do mato, com menu confiance, ou seja, a pessoa não sabe o que vai comer e tem que confiar no serviço que estamos oferecendo – diz.

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Deu certo. E o restaurante também levou dois prêmios: o melhor de Florianópolis e o melhor variado/contemporâneo.