O caos provocado pelo tufão Haiyan, que teria deixado mais de 10 mil mortos nas Filipinas, e as más condições climáticas prejudicam desde domingo a distribuição dos primeiros suprimentos de emergência para as vítimas, enviados por diversos países e organizações.

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Uma nova tempestade, batizada de Zoraida, mais fraca que Haiyan, tem previsão de atingir hoje a costa leste do país, seguindo o mesmo percurso do tufão.

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Zoraida deve provocar chuvas entre moderadas e fortes, que podem causar mais inundações e deslizamentos em parte das áreas atingidas pelo tufão. A brasileira Graziela Piccolo, número dois da Cruz Vermelha nas Filipinas, disse ontem que 11 caminhões da organização com suprimentos de emergência estavam em trânsito, mas com dificuldade para chegar às áreas mais afetadas.

– O maior desafio é alcançar as pessoas que estão em áreas longínquas, porque estradas e pontes foram danificadas. O mau tempo dificulta ainda mais – disse ela.

Os sobreviventes estão cada vez mais desesperados. Foram registrados saques, inclusive a caminhões de ajuda. A população necessita de água potável, alimentos, medicamentos e material sanitário, além de abrigo. Telefones funcionam de forma errática. Por isso, o carregamento enviado pela Cruz Vermelha inclui telefones por satélite. O exército havia confirmado 942 mortes, mas autoridades acreditam que podem ser encontrados

10 mil corpos apenas na cidade de Tacloban, a mais afetada.

Muitas das vítimas morreram em abrigos, para onde 800 mil moradores foram levados antes da chegada do tufão, na sexta-feira. Há cálculos de que os ventos tenham superado as projeções de 275 km/h e alcançado 375 km/h.

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O Pentágono enviou oficiais e material para participar nas operações de busca e salvamento. No total, são 90 militares e dois aviões KC-130J Hércules, que decolaram no sábado do Japão. Também foram enviadas aeronaves MV-22, que podem decolar na vertical e operar em ambientes de difícil acesso. “Estamos prontos para ajudar mais”, afirmou no domingo o presidente Barack Obama em um comunicado. Mais de uma dezena de países também anunciou o envio de socorro.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, prometeu que as agências especializadas da ONU agirão rapidamente. O Programa Mundial de Alimentação organizou o envio de 40 toneladas de ajuda alimentícia na forma de biscoitos proteicos.

Um avião de cargas do Unicef, fundo da ONU para a infância, com 60 toneladas de produtos como barracas e medicamentos, chega ao país. O Unicef também enviará equipes de saúde e purificadores de água. O papa Francisco decidiu fazer uma primeira contribuição de US$ 150 mil.

Negociações da ONU sobre o

clima têm início em Varsóvia

Em meio à comoção pelas vítimas do tufão, que está sendo considerado o ciclone mais potente já registrado a tocar terra, mais de 190 países deram início ontem a duas semanas de negociações 19ª Conferência do Clima em Varsóvia, na Polônia. O encontro prepara um acordo que será assinado em 2015 para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

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– Existe uma tendência de aquecimento (dos oceanos) e o aumento na intensidade de furacões é parte do risco – afirmou o especialista em clima Herve Le Treut.

Em um apelo emocionado aos delegados, o negociador das Filipinas, Naderev Sano, prometeu fazer greve de fome até que haja avanço concreto.

– O que meu país tem sofrido como resultado deste evento climático extremo é insano. A crise climática é insana. Podemos deter esta insanidade bem aqui, em Varsóvia – declarou.