Vítimas do suposto golpe aplicado por Nego Di relatam grandes prejuízos e promessas de reparação não cumpridas. O influenciador foi preso no domingo (14), em Florianópolis, suspeito de estelionato. Em 2022, ele abriu uma loja virtual e vendeu produtos, mas nunca os entregou, de acordo com a Polícia Civil.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
A loja virtual vendia itens como celulares, televisões e aparelhos de ar-condicionado com preços abaixo do mercado. O estabelecimento operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022, quando a Justiça determinou que ele fosse retirado do ar. Alguns itens chegaram a ser entregues, mas outra parte não.
Uma das vítimas, um morador de Pelotas, no Rio Grande do Sul, relata ter sofrido um prejuízo de R$ 30 mil com a compra de aparelhos ar-condicionado. Na loja de Nego Di, “Tadizuera”, os itens tinham preços que variavam de R$ 799,90 a R$ 1.199. A vítima fez um empréstimo e comprou 33 unidades para revender.
— Na época, não se tinha notícias de envolvimento dele em esquema. Parecia uma pessoa de confiança. Eu precisava do dinheiro para custear um tratamento de saúde. Conversei com amigos que faziam instalação de ar-condicionado, acertamos o negócio e fiz a compra. Mas deu tudo errado — relatou ao g1.
Continua depois da publicidade
As vítimas começaram a se organizar ao estranharem a demora na entrega, segundo o advogado Mateus Marques, cuja empresa representa nove pessoas lesadas pelo influenciador. Alguns clientes criaram grupos no WhatsApp e chegaram a fazer um protesto em frente a um bar no qual o humorista também era sócio, em 15 de julho daquele ano.
— Nos perfis dele (em redes sociais), a gente via que ele debochava do caso, aproveitava a vida com o nosso dinheiro. Viajando para fora, Punta Cana… O que aconteceu (a prisão) dá esperança de que a gente pode ser ressarcido — contou o homem, que preferiu não se identificar.
Nego Di debochou de vítimas lesadas em loja enquanto andava com carro de luxo, diz delegado
Na época, Nego Di alegou publicamente que o erro era da empresa responsável pela logística, que atrasou as entregas. Ele chegou a afirmar que iria ressarcir os clientes que não recebessem os produtos. Conforme o advogado, porém, a reparação era sempre protelada.
— Tentamos uma reunião com o advogado dele para parcelar os valores perdidos, mas não passou de uma conversa. Eram desculpas para jogar o caso para frente — diz o advogado, que abriu uma notícia-crime em favor de dois clientes, em junho de 2022.
Continua depois da publicidade
O que aponta a investigação
A investigação aponta que a loja virtual não tinha estoque e que Nego Di enganou os clientes prometendo que as entregas seriam feitas, apesar de saber que não seriam. Ainda assim, movimentou dinheiro que entrava nas contas bancárias da empresa.
A polícia estima que o prejuízo dos 370 clientes lesados seja superior a R$ 330 mil, mas como as movimentações bancárias são milionárias, a suspeita é de que o número de vítimas do esquema seja maior e inclua pessoas que não procuraram a polícia para representar criminalmente contra o influenciador.
A Polícia Civil afirma que tentou por diversas vezes intimar Nego Di para prestar esclarecimentos, mas ele nunca foi encontrado. O sócio do influenciador na empresa, Anderson Boneti, também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, no ano passado. O investigado foi preso na Paraíba em 25 de fevereiro de 2023, mas acabou solto dias depois.
O que diz a defesa
“Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como NegoDi, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis.
Continua depois da publicidade
Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.
Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de NegoDi.
Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade.
Hernani Fortini,. Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula“.
Leia também
Nego Di se manifesta após buscas em SC por suspeita de rifas ilegais: “Sabíamos que iria acontecer”
Continua depois da publicidade
Filho de deputado federal de SC é preso por estupro de vulnerável