As sequelas de uma vida de abusos e de reclusão forçada continuam presentes depois que casos como o de Rio Negrinho são descobertos, avalia o psicólogo do Centro de Direitos Humanos (CDH) de Joinville, Nasser Haidar Barbosa. Mas, com acompanhamento psicológico e trabalhos de ressocialização, é possível garantir às vítimas uma vida normal.

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– É possível de se recuperar, de dar novo significado aos papéis sociais, ao papel masculino. Isso é trabalho coletivo, de ressocialização assistida, levando as crianças à escola, gradativamente. Pode existir um sentimento de culpa e até situações de discriminação. Há questões que precisam ser trabalhadas porque a vítima terá de conviver com isso – diz.

A dominação física e psicológica sobre as vítimas, diz ele, são comuns em casos que demoram tanto tempo até serem descobertos. Na maioria das vezes, as mães das crianças abusadas também são ameaçadas.

– Geralmente se tem uma família dominada pelo homem, machista. Não é incomum que esses casos sejam em locais mais retirados, onde há uma cultura atrasada de liberação sexual feminina. O grande problema é ainda vivermos uma cultura de abuso, como se a mulher fosse uma propriedade masculina.

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A delegada Marilisa Boehm, titular da DP da Mulher, Criança e Adolescente de Joinville, soube do caso de Rio Negrinho por meio de “A Notícia”. Na avaliação dela, é provável que as duas filhas tenham crescido sem se dar conta de que eram abusadas e, quando próximas da vida adulta, tenham silenciado por medo.

– Há muita pressão pelo lado emocional. Quando ainda não se tem a noção do que é certo ou errado, tudo para a criança abusada pode parecer certo. Isto porque é o pai quem está fazendo.

A privação de convívio social, diz Marilisa, contribuiu para que o caso levasse tanto tempo até ser descoberto.

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