Doadas pela embaixada em 2009, as 70 casas do loteamento da Margem Esquerda abrigam moradores que vivem em estrutura improvisada. O lugar já tem água e luz instalados na maioria das casas. Porém, cada morador deu um jeito de providenciar o esgoto.

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– Vou fazer um sumidouro do lado da casa. Não deu mais para esperar. Onde a gente morava estava muito perigoso – comenta Augusto Galberto Vieira.

A casa onde os Vieira moravam, no Bairro Poço Grande, foi condenada pela Defesa Civil depois da catástrofe de 2008. De lá para cá, ele aguardava a inauguração do loteamento. Como isso não chegou, o casal decidiu se mudar assim mesmo.

Loreci Dias já está morando no local há um mês. Sobre a água que corria em um buraco ao lado da casa e seguia em direção à rua, a moradora justificou ser da máquina de lavar roupas.

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– Meu marido instalou duas fossas lá atrás. Assim dá para usar o banheiro. Tivemos que fazer assim porque a gente estava há três anos pagando aluguel – explica.

Prefeitura aguarda liberação de R$ 2 milhões para pavimentar ruas e implantar sistema de esgoto no loteamento

Todos os moradores já receberam as chaves da casa, que tem 36 metros quadrados divididos em dois quartos, sala e cozinha e banheiro. A princípio, a prefeitura fez isso para que as famílias cuidassem do lugar para evitar invasões. Para liberar o loteamento, o município precisa pavimentar as ruas e implantar o tratamento de esgoto e drenagem pluvial.

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– Estamos aguardando a liberação de R$ 2 milhões de um financiamento da Caixa Econômica Federal para fazer isso. Já fizemos as alterações solicitadas e acredito que, em breve, o dinheiro seja entregue – informa o diretor de Habitação da Secretaria de Planejamento Urbano de Gaspar, Heriberto Kuntz.

O diretor comenta ainda que não pode impedir que as famílias entrem no local, mas que o pedido da prefeitura é para que não façam isso. Caso a liberação do projeto não aconteça em breve, o município estuda a possibilidade de bancar as obras com recursos próprios.

A construção do loteamento se estende desde a primeira quinzena de agosto de 2010, porque a doação dos árabes se restringiu à compra dos equipamentos, à mão de obra e à instalação das casas sobre o terreno doado pela Defesa Civil estadual. As famílias que receberam as casas moravam nos bairros Belchior, Margem Esquerda e Sertão Verde, atingidos pela catástrofe de 2008.

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Instalação clandestina de esgoto é perigosa

Engenheiro hidrólogo da Furb, Ademar Cordeiro explica que em casos onde não há tratamento de esgoto, o morador precisa instalar a fossa e um filtro, para eliminar os resíduos. Caso isso não for feito, pode ocorrer a contaminação do solo e, por consequência, trazer doenças para os próprios moradores.

– Só a fossa não elimina os dejetos. Nesse caso, o filtro elimina 90% da sujeira – diz.

Cordeiro ainda destaca que se a água da fossa for jogada em córrego ou ribeirões também pode contaminá-los, trazendo mais perigos ainda:

– Isso traz um grande risco para as crianças e a infestação de insetos.

Leia a reportagem completa na edição do Santa impresso desta segunda-feira