“A onda veio à meia nau, de Sueste, e quebrou dentro da embarcação”. Dez anos após avistar o avião da Força Aérea Brasileira e ser resgatados após quatro dias à deriva, o pescador Dalmo Ladewy ainda lembra com detalhes do acidente que causou o naufrágio do barco Pesca Chile II. Em 2003, ele era o mestre da embarcação que partiu da costa de Itajaí para uma viagem que acabou sem volta para dois tripulantes.
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O dia de hoje marca uma década do fim do martírio de Ladewy e mais sete pescadores. Após naufragar na costa do Rio Grande do Sul e passar quatro dias em um bote inflável, o grupo enfim foi resgatado por uma barco da Marinha, na noite de 11 de setembro de 2003, em Santa Catarina.
Dez anos depois, o mestre do Pesca Chile, hoje com 57 anos, fala com naturalidade do acidente, lembra dos companheiros, dos dias intermináveis no bote e de como foi o resgate. Sem esconder que o acidente foi uma das piores experiências que passou na vida, no entanto, o pescador lembra que foi ele quem optou por se dirigir para o Sul, onde ocorreu o naufrágio.
A embarcação com 10 pescadores saiu de Itajaí no dia 30 de agosto de 2003. Logo na saída o piloto automático apresentou defeito e o grupo retornou para a costa. Foi feito um reparo e a embarcação voltou a seguir viagem em 1º de setembro.
– A pescaria estava fraca, tinha muita orca e elas estavam comendo a produção. Por causa disso optei por ir para o Sul – lembra.
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A tripulação do barco, que pertencia a uma empresa espanhola, fez então a comunicação de mudança de rota e seguiu para Leste de Tramandaí (RS). Corria tudo normal e às 7h de 7 de setembro daquela ano os pescadores iniciaram o trabalho como de costume.
– Era um domingo, o vento era calmo e estava tudo normal. Até que umas 15h houve o acidente.
Foi nesse horário que surgiu a chamada onda fantasma, que sai de uma posição contrária da que segue a embarcação, e quebrou dentro do Pesca Chile II. Desse momento em diante, foram apenas 30 minutos até que o barco desaparecesse no oceano.
– Tentei fazer uma manobra para ver se recuperava, mas ele foi virando e entrando mais água.
Depois disso o grupo conseguiu alcançar um dos botes infláveis e permaneceu nela até o resgate chegar, somente quatro dias depois. Recebidos com festa por familiares que aguardavam em Itajaí, os pescadores guardavam a dor da perda de dois companheiros.