Logo após se casar, a norte-americana Britanny Maynard começou a sentir fortes dores de cabeça. O que era apenas um desconforto tornou-se insuportável, e fez com que a jovem procurasse médicos. Em 1º de janeiro de 2014, ela recebeu o diagnóstico: tinha câncer cerebral terminal, o que lhe dava 10 anos de vida, no máximo. Pouco tempo depois, os médicos reduziram a expectativa: Brittany não teria mais do que seis meses de vida – e sua morte viria com sofrimento e dores ainda maiores.
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Em seus últimos dias de vida, além de viajar com o marido e com amigas, a norte-americana criou o The Brittany Maynard Fund, uma organização que tem como objetivo receber fundos e lutar para que a eutanásia seja legalizada nos Estados Unidos. Atualmente, apenas cinco Estados autorizam a prática, que consiste em dar fim à própria vida com observação médica. Brittany mudou-se da Califórnia (onde a eutanásia é proibida) para o Oregon (onde é permitida) e já decidiu a data em que vai morrer: 1º de novembro, um dia depois do aniversário do marido.
Brittany e o marido, em foto no dia do casamento
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– Eu espero aproveitar os dias que eu ainda tenho neste planeta lindo cercada por aqueles que eu amo. Espero morrer em paz. A razão para considerar e o seu valor é ter certeza de que você não a está desperdiçando. Aproveite o dia. Esqueça o resto – diz Brittany, em um vídeo divulgado neste domingo, dia do lançamento do projeto.
Como a questão é vista por aqui
No Brasil, a eutanásia é ilegal e considerada antiética pelo código de medicina, explica Rachel Duarte Moritz, médica e professora do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Santa Catarina. Porém, diz a professora, a ortotanásia é aceita.
A ortotanásia consiste em tratar os sintomas de uma doença – ainda que ela seja terminal – para melhorar a qualidade de vida.
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– A ortotanásia seria deixar morrer, enquanto a eutanásia seria fazer morrer – explica a médica, que tem artigos publicados sobre o assunto.
Por aqui, os avanços mais recentes em relação à “morte com dignidade” – para usar a expressão preferida de Brittany Maynard – são a Lei Estadual 10;241, de 1999, conhecida como Lei Mário Covas, que permite aos paulistas “recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida” e “optar pelo local de morte”.
Rachel cita ainda uma resolução do Conselho Federal de Medicina, de 2006, segundo a qual “é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal”.
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