Cerca de duas semanas atrás, estava levando minha bicicleta para trocar o pneu que estava furado. No trajeto, dois rapazes passaram por mim, também de bicicleta. Pouco tempo depois, encontrei os dois novamente, e vi um deles vindo em minha direção. Na hora já reconheci e pensei “o outro está vindo por trás e vão me roubar”. Subi na bicicleta, mesmo com o pneu furado, e tentei fugir, mas me alcançaram, e um deles colocou a mão dentro da blusa, insinuando que estava armado. Isso aconteceu durante o dia, no bairro América, e levaram tudo que eu tinha comigo. Tinham até alguns carros passando no local, mas ninguém fez nada. Quando foram embora, encontrei um casal e pedi para ligarem para a polícia, pois eles também tinham visto os assaltantes. Quando a polícia chegou, já havia passado uns 20 minutos. Até conversei com os oficiais e fiz o B.O., mas não tive nenhum retorno e também não tenho mais esperanças de ter. O grande problema é que não foi um caso isolado. Isso porque, alguns dias antes do assalto, fui na agência dos Correios na rua Princesa Isabel e prendi a bicicleta no bicicletário que tem ali, isso perto das 10 horas. O tempo que fiquei na fila foi o bastante para que roubassem minha bicicleta, uma Caloi Urbe dobrável que tinha acabado de comprar. Na hora, ninguém viu e nem sabia de nada. Recorri ao Facebook, onde divulguei uma foto dela, e recebi ligações de pessoas que viram um homem de barba e jaqueta carregando a minha bicicleta. Mais uma vez, fiz o B.O., mas nunca mais tive notícias e também já perdi as esperanças.

Continua depois da publicidade

Faço esse relato pois, de uns tempos pra cá, é perceptível o aumento de roubos/furtos e assaltos na nossa cidade. Conheço pessoas com histórias parecidas. Já vi roubarem uma loja em frente ao prédio que morava, duas vezes na mesma semana, e sempre tem alguém na roda de amigos com histórias assim. Roubo de celular, óculos, dinheiro, carro, bicicleta. E o que todas as histórias que conheço têm em comum é que todo mundo se sente impotente, faz o B.O já sem a esperança de que o que foi roubado seja recuperado ou que prendam o criminoso. Ver isso acontecendo com Joinville é triste, é uma cidade boa e espero que o poder público comece a dar mais atenção para esse assunto e consiga reverter situação enquanto é tempo.

Creio que, num futuro próximo, vamos precisar de um trabalho conjunto mais funcional entre governo, polícia e comunidade. Eu vejo que o problema começa na educação, melhorar as escolas, os salários dos professores, dar alternativas para os jovens como uma escolinha de futebol ou outro esporte a sua disposição e até mesmo ampliar programas como o Proerd. Mostrar que é possível melhorar a situação que estamos vivendo. Também é preciso que o poder público combata o que está acontecendo agora, ampliando o efetivo, o número de câmeras de segurança em pontos de maior violência, melhorar a iluminação, recuperar praças e pontos da cidade. Parar de jogar a culpa da segurança pública de um poder para outro.

E por último, mas não menos importante, ouvir a sociedade, ninguém melhor para opinar no que acontece dentro da cidade do que as próprias pessoas que vivem na pele as necessidades e dificuldades dela. É preciso agir.

* Morador do bairro América que preferiu não se identificar.

Continua depois da publicidade

>> Acesse a página do projeto Joinville Que Queremos