Até março deste ano, Édio Hermes da Silva Faria, 87 anos, frequentava academia de ginástica. Com chuva ou sol, lá estava o vovô pronto para os exercícios que também o ajudavam a manter a cabeça em ordem. Mas isso só depois de ler o Diário Catarinense na versão digital, hábito que manteve por muitos anos e adquirido nos tempos da versão impressa. No começo desta semana, no entanto, Édio foi vencido pela Covid. Está entre os cerca de 2000 mortos pelo coronavírus em Santa Catarina.

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Bancário aposentado, Édio trabalhou em vários lugares sendo gerente das agências do Banco do Brasil em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Participou da construção de agências e na compra de terrenos para a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) de diferentes cidades. Nesta trajetória, lembrava, deu início ao financiamento dos primeiros aviões para uso no agronegócio, em 1969, uma novidade no país.

Édio, o manezinho da Ilha nascido na avenida Mauro Ramos
Édio, o manezinho da Ilha nascido na avenida Mauro Ramos (Foto: Arquivo pessoal)

Manezinho da Ilha nascido na avenida Mauro Ramos, filho primogênito dos oito filhos de Alberto Faria e Hulda Silva, voltou aposentado à terra natal com a esposa Carolina. Com ela teve quatro filhos – José Édio, Álvaro, Luciana e Silvana – nove netos e dois bisnetos. Também eles desbravaram as fronteiras e espalharam-se pelo Brasil afora exercendo suas profissões. A coragem para enfrentar desafios foi um dos ensinamentos passados por Édio, um grande incentivador para que filhos e netos pudessem realizar os sonhos.
Aos 69 anos, Édio se mostrava um homem disposto para aprender. Entrou para o mundo informatizado: tornou-se adepto das tecnologias, usava aplicativos e participava de chats. Com a chegada da pandemia em Santa Catarina, recorreu as plataformas e reuniões virtuais para conversar com amigos e parentes.

Édio teve um vida dedicada ao trabalho e à família, para a qual deixou um legado de momentos inesquecíveis. Homem silencioso e corajoso, era apreciador de bons vinhos e um assíduo leitor de notícias. As páginas preferidas eram sobre economia, política e cultura. Usava as informações para depois trocar ideias com os familiares. No fogão também se dava bem e o bacalhau, que lembrava as origens portuguesas, um dos pratos que mais fazia. Mas dizem que era na churrasqueira que, como bom manezinho, costumava ouvir: “dás um banho”.

Édio viveu a terceira idade com determinação: dirigia, mantinha as atividades do dia a dia e tinha um prazer imenso em reunir a família para desfrutar dos verões, uma das épocas do ano preferida dele, na Cachoeira do Bom Jesus. Manteve-se atualizado e ativo até ser infectado pelo coronavírus. Para os Silva Faria fica uma saudade imensa, mas também memórias que a troca das estações não apagará.

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