Do alto de um dos picos do Cânion da Ronda, de onde se avista até o mar, há um banquinho de tronco de árvore. Está lá, perdido no gramado, quase na boca do precipício de 1.650 metros de altura. Em geral, fica vazio. Mal é percebido pelos visitantes perplexos com a vista local.
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O banco, na verdade, é como um alerta. Quer avisar que a Serra não vive de pressa. A regra para aproveitar melhor a região é simples. Conheça pouco, mas conheça bem.
Acorde cedo para ir atrás de campos branquinhos. Dedique horas e horas para visitar os parques ecológicos, as vinícolas e as fazendas. Tente alguma atividade de aventura. Visite os muitos pomares de maçã e contemple o verde por todos os lados. No alto dos cânions, caminhe acima da linha das nuvens e, claro, sente no banco. Ou na grama, ou nas pedras. Lá, a natureza se mostra grandiosa.
Então, esqueça a pressa. A graça do passeio não está apenas em chegar, ver, fotografar e voltar para casa.
Está em ficar e curtir.
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São Joaquim
Arrume tempo para visitar a cidade logo cedo. Pela manhã os turistas lotam a praça do centrinho, lá onde as árvores congelam e o chão fica branco. É o lugar ideal para os visitantes azarados que não encontram neve ou temperaturas abaixo de zero: em seis árvores do local, os galhos e as folhas viram gelo. Na calçada, quem tem equilíbrio patina de tênis.
Depois, circule. A cidade é pequena mas repleta de bonecos de “neve” – feitos de materiais como garrafa pet pintadas. Vale uma parada no Divino Grão, cafeteria que oferece 39 tipos de bebidas à base de café. O Sensação e o Bombom (com leite condensado misturado ao caldo de morango ou de chocolate) são os mais vendidos. Também há café com cachaça ou com sorvete. O sócio-proprietário Mauro César de Souza estuda a possibilidade de ampliar a carta ainda neste inverno, com ingredientes típicos da Serra: a maçã e o vinho.
Passeio evidente mas indispensável, a visita à Villa Francioni dura cerca de 1h30min, inclui degustação e custa R$ 30 que podem ser revertidos em compra.
Na estrada que liga a cidade a Bom Jardim, pare na Snow Valley, parque de aventuras fundado por americanos 46 anos atrás. O local oferece tirolesas (de 200, 300 e 700 metros), arvorismo, muro de escalada com pêndulo, quadriciclos e trilhas ecológicas. Há imersão de inglês, com escolas que passam um fim de semana com aulas práticas no local.
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Bom Jardim da Serra
No topo da Serra do Rio do Rastro, bem em frente ao mirante de onde se avistam as sinuosas curvas da estrada, há um hotel. E é nas terras desse hotel, o Rio do Rastro Eco Resort, que fica um dos picos do cânion onde está o banquinho e onde são montadas mesas com café ou lanche da tarde. O acesso ao local é exclusivo aos hóspedes, levados até lá de 4×4.
Estamos em Bom Jardim da Serra, onde ficam os três cânions mais conhecidos do Estado – o da Ronda, o do Funil e o das Laranjeiras. Há muitos além deles, dizem agentes de turismo. Os outros apenas não foram batizados.
Tire um tempo para conhecê-los. O mais distante de todos, o das Laranjeiras, exige 40 minutos sacolejando em um 4X4 e outros 40 minutos caminhando.
O Parque Eólico da cidade, no alto dos cânions, é uma novidade que modificou o cenário. O produtor Jorge Rodrigues Borges, 42 anos, dono de parte das terras onde as 62 torres foram instaladas, reabriu o passeio aos visitantes após dois anos de obras. Por lá é possível passear de carro, cavalgar, ver duas cascatas e chegar bem pertinho das torres de energia e do próprio cânion.
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Aproveite também os passeios organizados pelos hotéis e pousadas locais. São cavalgadas, quadriciclos, passeios no veículo 4×4 e até de helicóptero. Há 35 cascatas espalhadas e 23 rios que nascem no município.
Aberto em 2011, o hotel Fazenda Rota dos Cânions ainda passa por reformas (estão sendo construídos ofurôs, piscina térmica cercada por vidros, academia), mas já recebe hóspedes e deve se tornar uma das principais opções da região.
Nos sábados à noite, não perca o galpão crioulo do Rio do Rastro Eco Resort, criado só para manter as tradições típicas da serra. O dono do hotel, Ivan Cascaes, faz questão de mantê-lo para preservar a música, a dança e a gastronomia locais.
Urubici
A cidade é a que mais oferece opções na Serra. Mas torça por tempo bom. Com muita serração ou chuva, vários passeios ficam comprometidos ou impossibilitados.
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Outra dica importante, para quem não fecha pacotes com as agências de turismo locais, é estar de carro – as atrações são distantes entre si e do Centro.
Para visitar há cascatas, morros, cânions e outras curiosidades, como inscrições rupestres deixadas por povos que habitaram a região há 3 mil anos.
Nos últimos anos, Urubici vem ganhando hotéis que apostam mais alto. Na gastronomia, a novidade é o Arcadia Empório, Arte e Gastronomia, e os mais conhecidos, Átrio e A Taberna. Para o lanche da tarde, o Canto do Sabiá oferece saladas, wraps, cafés.
Na cidade também há uma vinícola da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude, a Acavits. A Serra do Sol, com safras desde 2008, acaba de inaugurar um empório gourmet, em um deque envidraçado, onde serve o vinho da casa com tábuas de frios. O empório fica junto da Pousada das Flores, do mesmo dono, no Centro, e a vinícola, a 9 quilômetros dali.
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Serra do Rio do Rastro
Os visitantes que procuram a Serra do Rio do Rastro encontram uma das paisagens mais bonitas de Santa Catarina. Vale a pena ziguezaguear pelas 284 curvas da estrada, muitas delas fechadas.
De Lauro Müller (lá embaixo) a Bom Jardim da Serra (lá em cima) são 12 km, em vários momentos com subidas íngremes. Nada de pressa, até porque é comum haver caminhões ou ônibus pela frente e as ultrapassagens são difíceis em vários trechos.
Procure também se informar sobre as lendas e muitas histórias que passam de geração para geração. A Serra do Rio do Rastro começa em 1870, quando os primeiros habitantes da região andavam por ali com mulas para transportar produtos do Porto de Laguna.
Ao chegar no topo, estacione no mirante e deixe-se apaixonar pela imagem completa da estrada que, do alto, parece uma serpente.
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Visite também
– Mirante dos Pinheiros (São Joaquim)
Vista panorâmica de uma reserva de Araucária às margens da SC-438, na saída para Lages
– Maior pinheiro da serra (São Joaquim)
A árvore mede 9,2 metros de circunferência e 40 metros de altura. Está localizada na Fazenda Pinheirão, na localidade do Pericó, distante 34 quilômetros do centro. Agende: (49) 9128-1510
– Cachoeira do Avencal (Urubici)
Acesso à parte alta: SC-430, km 34; à parte baixa: SC-430, km 29,5
– Serra do Corvo Branco (Urubici)
Trecho de 5 km saindo da rumo a Braço do Norte
– Morro da Igreja (Urubici)
A partir de acesso no km 13 da SC-439, dirigir 31 quilômetros
– Parque Eólico (Bom Jardim da Serra)
Na entrada da Serra do Rio do Rastro. Com Jorge: (49) 9111-9808
– Serra do Rio do Rastro (Bom Jardim)
Com 284 curvas, algumas com 180º, liga a cidade a Lauro Müller
– Adventure Park (Lages)
Tem uma das maiores tirolesas do país. E também pêndulo, quadriciclos, rapel, escalada, trekking e arvorismo. Fica na SC-438, km 10, na localidade de Pedras Altas. Agende: (49) 9911-8373
E mais
Em Urubici, a Fazenda Fogo Eterno organiza cavalgadas (49-9116-9094). E em Bom Jardim da Serra, o guia Miguel leva aos cânions de 4×4 (49-9127-1014)
Pela região
Pioneira em turismo rural, Lages recebe turistas nas fazendas desde os anos 1980. Fazenda Boqueirão e Sesc Pousada Rural, essa na cidade vizinha Otacílio Costa, são as principais.
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Distâncias
Florianópolis …………….. 170km
Joinville …………………….324km
Joaçaba ………………….. 272km