Em entrevista ao colunista Moacir Pereira, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) diz que recebeu diversos pedidos para lançar seu nome à presidência do Senado, em um projeto de renovação do Congresso.
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::: Luiz Henrique da Silveira se candidata à presidência do Senado
O que determinou sua decisão de disputar a presidência do Senado?
Durante o recesso eu recebi dezenas de ligações telefônicas de senadores de todos os partidos. Aliás, esse movimento já tinha ocorrido no primeiro ano de mandato da atual legislatura. Quando cheguei a Brasília encontrei este ambiente de renovação, com apelo para que eu assumisse a candidatura ao Senado. Interpretando o sentimento de mudança da sociedade, senadores de todos os partidos – os que defendem o governo e outros que são oposição – viram em mim o presidente do Senado que representa uma nova pauta.
Que pauta é esta?
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Sendo eleito presidente vou me reunir com os governadores, com a presidente da República e com os ministros da área econômica para recolher subsídios para, em reunião com os líderes e os membros da mesa diretora, deflagrar de imediato uma “pauta de emergência”. Esta pauta passa pela reforma política, pelas reformas econômicas, sobretudo a tributária, e pelas mudanças que são clamadas pela população. No Senado e na Câmara existem dezenas, centenas de projetos propondo estas reformas. Pretendo, coletivamente, peneirar aquelas que sejam mais viáveis e mais consensuais para votarmos estas reformas este ano e as reformas políticas antes de outubro para terem validade antes das eleições municipais.
O senhor não teme a força da máquina e do poder do Palácio do Planalto?
Não creio que o governo vá se envolver com esta disputa, até porque a minha candidatura não é de oposição. A minha candidatura é do Poder Legislativo, do Senado, da instituição. Sou apoiado tanto por senadores do governo quanto pelos senadores da oposição.
Algum senador do PT declarou voto no senhor?
Conto com os votos da maioria do PT. Evidente que o PT é um partido disciplinado. Os senadores do PT vão se reunir nesta sexta-feira e tomar uma decisão. Creio que tenho o apoio do PT. O PSDB, o PDT e o PP já declararam votos favoráveis. É um movimento que vem crescendo.
E o PMDB?
Estive reunido quarta-feira pela manhã com o senador Renan Calheiros, declarando minha candidatura. Disse a ele que há quatro anos eu era candidato e ele pediu para retirar a candidatura. Naquela ocasião, o sentimento era exatamente o mesmo dentro do Senado e de caráter pluripartidário. Retirei meu nome em favor dele e agora pedi que ele retirasse a candidatura e fosse o condutor da unidade do partido em torno do meu nome na bancada do Senado.
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Qual a resposta que ele deu ao senhor?
Ele disse que “vamos continuar conversando”. Certamente vai fazer suas avaliações.
O senador Renan Calheiros disse que é candidato?
Ele não disse que é e nem que não é. As coisas são implícitas. Sei que ele é candidato. E pode deixar de ser. Lembrei a ele outro episódio. As vezes a gente tem que recuar para avançar depois. No último mandato presidencial do deputado Ulisses Guimarães eu era o secretário-geral do PMDB. Estava tudo acertado para recondução. No domingo da convenção nacional do PMDB, o Ulisses, o Miguel Arraes, o Teotônio Vilela me pediram para abrir mão da candidatura em favor de Minas Gerais. Eu abri mão da reeleição como secretário-geral do PMDB, que era um cargo importante. Anos depois eu era eleito presidente nacional do partido.
A imagem do Senado e do Renan Calheiros está profundamente desgastada. O que fazer para reverter?
O diagnóstico já é conhecido em relação a imagem. Quero mostrar um novo protagonismo do Senado e do Congresso Nacional. Mais do que presidente do Senado, quero ser presidente do Congresso Nacional. Por isso, na pauta de emergência deve ser combinada com o presidente e os líderes dos partidos na Câmara Federal para agilizar as reformas inadiáveis.
O ano de 2015 será crítico, difícil e conturbado com a Operação Lava-Jato incluindo parlamentares. O senhor não teme presidir um Senado com alguns de seus membros denunciados por corrupção?
Não tem dúvida que será um ano crítico. Mas quem foge de riscos e de responsabilidades não tem merecimento. Eu nunca fugi de responsabilidades.
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