Unir apenas violão, violino e tuba em uma mesma composição não é usual. Mas esse foi um dos resultados oriundos do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). Mais que apresentar a formação inédita, a obra do violonista Mario Ulloa é uma homenagem à cidade que lhe propiciou muitos encontros: Souvenir para Jaraguá foi escrita como um elogio à cidade, pela qual o compositor mantém uma relação de carinho.
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Ulloa, costa-riquenho que mora há 23 anos no Brasil, encantou-se com o município e seu festival, avaliado como um dos mais plurais que já presenciou. Participando do Femusc desde sua terceira edição, quando o violão clássico passou a integrar a lista de instrumentos, o professor da Universidade Federal da Bahia entregou esse presente à Jaraguá.
-No momento em que coloquei o pé aqui, já me envolvi. Eu respiro Jaraguá do Sul durante duas semanas. Saímos de uma aula, depois tem ensaio, logo vêm os concertos, troca-se informações com os colegas e alunos, faz calor e chuva e à noite ainda encontramos todos.
A peça, apresentada no Grande Teatro na noite de quarta-feira, não é a única composição que nasceu do festival. Frevo nos calores de Jaraguá, que estreou na mesma noite, foi um pedido do tubista alemão Andreas Hofmeir.
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A própria Souvenir surgiu de uma encomenda: em sua primeira vez no Femusc, Mario conheceu o violinista Daniel Guedes. Ambos criaram um duo que circula o país com apresentações e já tem um CD gravado. Há três anos, Andreas observou o duo tocar e pediu para integrar o grupo.
-Mas não existem obras para essa formação. Em um fim de semana, quando eles foram para a praia, eu fiquei aqui e escrevi Souvenir. O nome foi emprestado de Souvenir de Florence, de Tchaikovsky. Se Florença tem uma, porque Jaraguá não poderia ter?
Femusc representado em obras
Mario tem outras três composições relacionadas ao Femusc. Tontura deve sua criação à um equívoco de comunicação. O idealizador e diretor artístico do festival, Alex Klein, solicitou ao violonista uma peça para cinco oboés, instrumento que toca.
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-A obra tem quase oito minutos e levei quase quatro meses para escrevê-la. Foi muito trabalhoso-, conta Mario.
Tontura, um estudo em forma de concerto, foi composta para que cinco diferentes tipos de oboés toquem ao mesmo tempo. Seu nome é alusivo à sensação causada pela união dos instrumentos. Apenas quando a obra foi apresenta a Alex é que o equívoco foi descoberto: o oboísta queria uma peça na qual tocasse os cinco tipos de oboé que domina, um por vez.
Ulloa criou, então, outra composição: Femuscana 1, para os cinco oboés, violão e um quarteto de cordas. Nela, foi incorporada toda a correria e movimentação visualizada nos 14 dias de festival, com ensaios nos corredores do Centro Cultural, aulas, concertos e encontros sucessivos. Nasceu dela, também, a Femuscana 2, que envolve a tuba, o violão, o violino e cordas.
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Confira o vídeo com o costa-riquenho: