Josevaldo de Almeida Silva, 25 anos, era só o vendedor de uma loja de tecidos que, nos fins de semana, animava casamentos e eventos religiosos com seu violão. Apresentado ao violino há cinco anos, hoje ele vive da música e comanda um exército de 130 crianças de Conceição do Coité (BA) que têm a chance de seguir pelo mesmo caminho.

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Para quem começou a aprender os primeiros toques a partir de vídeos na internet, estar no Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), em Jaraguá do Sul, é uma realidade que poderia estar a milhas de distância.

– Como não tive uma formação de conservatório, me sinto até meio perdido aqui. Ainda estou absorvendo a ideia de estar num festival -, confessa o baiano.

A história de Josevaldo é intensa para um músico erudito de pouca bagagem. A paixão pelo violino foi tão arrebatadora logo à primeira vista, que dois dias após ter visto um exemplar Josevaldo viajou para Feira de Santana, cidade perto de Conceição do Coité, para comprar o seu próprio instrumento.

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Com a ajuda de livros emprestados e lições online, ele foi aprendendo as noções básicas e em três meses já tocava em casamentos. A vida do baiano mudou mesmo quando foi convidado por uma professora a integrar um projeto de música.

– Logo me vi com 15 violinos para ensinar crianças com uma média de 12 anos. Pensei: como vou fazer isso? Não dava para ensinar do mesmo jeito como aprendi -, lembra.

Josevaldo saiu do emprego na loja de tecidos e se matriculou como aluno da Orquestra Filarmônica de Salvador. Atualmente, ele está no quinto semestre de licenciatura em música, e o grupo de alunos do projeto só cresce. Em 2012, o Criança Esperança passou a financiar as aulas e todos os instrumentos de uma orquestra completa.

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– Hoje, os primeiros alunos já dão aulas para os mais novos -, conta.

A Orquestra Santo Antônio ganhou destaque até no “Jornal Nacional”, da Rede Globo, e Josevaldo chegou a disputar no ano passado R$ 50 mil no quadro “Agora ou Nunca”, do “Caldeirão do Huck”, representando o projeto.

O dinheiro foi usado para levantar a estrutura de um teatro com salas de aula, que ainda está em construção em Coité. A obra deve ser concluída com a venda de rifas e promoção de feijoadas.

Prêmio

A oportunidade de aprimoramento no Femusc foi oferecida pelo Itaú Cultural. Josevaldo foi um dos 14 selecionados do País a receber o prêmio do Programa Rumos Educação, Cultura e Arte.

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– Já tinha ouvido Deborah (Wanderley dos Santos, coordenadora artística do festival) falar sobre o Femusc. Como a viagem era de livre escolha, optei por conhecer este trabalho de perto -, relata.

O baiano trouxe na viagem André Alves dos Santos, de 15 anos, que toca violoncelo no Orquestra Santo Antônio.

– Nosso objetivo é observar tudo, principalmente no que diz respeito à formação orquestral, para que possamos aplicar em Coité -, avalia.

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– Quem sabe até fazer um festival de música por lá.